A Cidade-Sorriso não deve chorar

Todos os dias deparamo-nos com cenas deprimentes e que nos fazem pensar qual seria o motivo para tanta falta de civismo. Por mais que tentemos explicar os motivos para a ação de certas pessoas, não é possível. As casas, prédios, paredes e muros devem ser respeitados, não só os particulares como também os públicos, pois a ninguém é facultado fazer o que bem quer naquilo que não lhe pertence, caso específico quando se trata de pintar sem nexo e rabiscar, mais propriamente quando se trata de pichar. Nada pior do que pichar, que não é coisa de gente que exercita a autêntica cidadania.

O que se aprende na escola? Será que algum professor ensinou seus alunos que é bonita a falta de consideração pela coisa alheia? Certamente que não. É difícil compreender a ausência de civismo em alguns jovens e em tantos outros adultos. E é de se perguntar se essas pessoas gostariam que suas propriedades tivessem a agressão dos que picham. Portanto, é certo não cometer tamanha indecência, preservando o que é dos outros e a integridade e beleza da cidade – nossa bela e querida Curitiba – que não dispensa o cuidado com sua aparência.

Pichação não é arte. Se é, por que será que o pichador não picha sua própria casa? De fato, pichar estimula a poluição visual e enfeia a cidade, que quando está poluída dá margem ao visitante e á própria população de fazer um julgamento duro, com estas palavras: que cidade suja e que povo selvagem! Não é deplorável? Ninguém gosta de ver sua cidade julgada desta forma. Entretanto, temos que reconhecer que nada tem de bela a pichação; pelo contrário. Quem sabe pudesse ser feita uma campanha para acabar com os pichadores, o que compete ao Poder Público mas também à população.

A sociedade é responsável na medida em que se omite, do mesmo modo como as autoridades que não coíbem com firmeza uma atitude que não é civilizada e até antipatriótica. Percebe-se que todos, de algum modo, encolhem os ombros como que a dizer: nada tenho a ver com isto. A verdade é que tem a ver, sim. Ninguém pode alegar que não é um dos elos de uma grande corrente que movimenta a sociedade em torno dos mais elevados propósitos, a fim de que sua cidade, seu Estado, o País, sejam vistos com os olhos da admiração e devido respeito.

Eu, com o dever que tenho como articulista e o apreço que devoto aos meus prezados leitores, gostaria que estas minhas palavras, reunidas aqui num conjunto de boas intenções, pudessem calar fundo no coração daqueles de quem falo hoje. Que esses pichadores façam um exame de consciência e permitam o afluxo dos mais nobres sentimentos, que estão escondidos, encaminhando-os para as ações e obras elogiáveis. Com efeito, acredito que todo o ser humano é bom, basta que se lhe dê a oportunidade de rever suas atitudes, ajudando-o para superar suas fraquezas. Por isto, deixo aqui meu voto de confiança aos pichadores, que ao mesmo tempo lhes transmite o sentimento de toda a população. Por favor, parem de pichar a cidade! Assumam o papel de cidadãos, bons cidadãos, e de partícipes de uma urbe de boa gente, que aspira manter o sorriso da capital paranaense! Não deixem que Curitiba chore, porque a Cidade-Sorriso não deve chorar!

Lanço meu apelo à consciência de cada um que, na calada da noite, suja a cidade com as tintas da besteira e da barbaridade, pois não tem graça nenhuma estragar a quadro da aparência da cidade. Assim, desejo sinceramente que, em futuro breve, possa eu voltar ao assunto para destacar que os pichadores estão redimidos, saíram do esconderijo da noite da traquinagem para a luz do dia do bom comportamento em sociedade. E não só a população, mas esta linda cidade, que agora mostra as cáries negras da pichação, não terá mais vergonha de mostrar seu sorriso aberto.

Sem a ação agressiva dos pichadores, Curitiba (e não só ela, mas tantas outras cidades brasileiras) poderá sorrir livremente, livrando-se do choro provocado pelas pinceladas, riscos e rabiscos espalhados de modo grotesco nas ruas e edificações, que não merecem receber a violência das tintas da indelicadeza.

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