Zomba Records lança pacote de regras para jamaicano nenhum botar defeito

A tribo rastafari do Brasil encontra boa parceria para seus gostos nos relançamentos propostos pela Zomba Records. Pois que apresenta Soul Rebels, primeiro disco de Bob Marley e The Wailers lançado no exterior, o ska que influenciou o mais famoso jamaicano e os primórdios de Jimmy Cliff.

Trinta anos passados e Bob Marley ainda faz escola, afinal, o reggae nasceu poderoso, como bem demonstra Soul Rebels. O disco mistura músicas de amor, pessoais e reveladoras, com músicas rebeldes. Gravado no famoso Randy?s Studio, o disco começa com Soul Rebel, faixa autobiográfica, em que Marley mostra sua emoção apoiado pelas harmonias suaves de Tosh e Livingston e no baixo de Lloyd Parks, que nesta época era vocalista do Termites e músico em ascensão na Jamaica.

Soul Rebels conta ainda com quatro faixas bônus: Dreamland é uma adaptação de Bunny Wailer para a faixa do El Tempos My Dream Island, esta que é uma das melhores performances vocais de Bunny e ainda faz parte de seus shows. Jah is Mighty é uma versão alternativa e puramente religiosa da faixa Corner Stone gravada numa sessão posterior. E fechando o disco com chave de ouro, duas das melhores composições de Peter Tosh: Brand New Second Hand, uma balada reggae com harmonias ao estilo doo-woop e Downpresser, uma regravação no modo “rasta” da espiritual Sinner Man.

Raízes do Reggae é uma viagem ao passado por quinze faixas, trazendo a sonoridade do ska e do rocksteady até o florescimento do reggae no final dos anos 60. O inglês Robin Campbell, autor da compilação, observa que o ska e o rocksteady exerceram grande influência na música jamaicana. “Esses ritmos – diz ele -têm sido usados repetitivamente em cada fase do desenvolvimento do reggae, dos DJs aos rockeiros, do dancehall ao ragga, incluindo o presente. As versões ?especiais? das faixas rocksteady, que foram feitas especificamente para os dancehalls e os competitivos sistemas de som que viajavam pela ilha, contribuíram diretamente para o desenvolvimento do dub reggae nos anos 70. Também nesta época um número de produtores independentes, como Lee Perry, Leslie Kong e Benny Lee, trouxeram novas idéias para desafiar produtores anteriores como ?Coxsone? e Duke Reid, que virtualmente tinham o monopólio na ilha”.

O álbum Jimmy Cliff, de 1968/69, gravado após o compositor ter ganho o primeiro lugar no festival de música, chamou a atenção da imprensa britânica, até então alheia aos valores da música jamaicana. O álbum levou Jimmy Cliff à fama internacional.

Reggae com muita atitude

São Luís do Maranhão sempre foi conhecida como a capital nacional do reggae e foi justamente lá que nasceu o Nego Bantu. Formada por Gerson da Conceição, vocalista, baixista e compositor; Edu Zappa, tecladista; Moisés Mota, baterista, e Celso Black, percussionista, a banda busca relacionar o seu trabalho às origens africanas e conta com mais quatro músicos da pesada nas apresentações ao vivo. O grupo surgiu em 1997 e, pouco tempo depois, adotou o nome definitivo de Mano Bantu – influência do grupo étnico lingüístico do Sudoeste da África.

Mas a força da cultura africana nas raízes do Mano Bantu não pára por aí – a banda, que tem como ídolos gênios do reggae como Bob Marley e Gilberto Gil, utiliza fortes elementos rítmicos do folclore maranhense, como o tambor de crioula e o boi de zabumba, misturados a muitos naipes de metais, e pequenas doses de samplers e rap.

Com doze faixas, o álbum de estréia, que leva o mesmo nome da banda, mostra um reggae de melodias fortes, harmoniosas e letras que vão do amor às questões sociais, mas sempre com muita atitude, como é o caso das faixas Favela e Negão. Mano Bantu também traz uma versão para o sucesso Black Roses, da banda Inner Circle, chamada Calmaria e uma regravação do clássico Na Asa do Vento, uma homenagem ao também maranhense João do Valle.

Produzido por Maurício Barros (um dos fundadores do Barão Vermelho), o álbum traz composições próprias, com destaque para Lady (Aço 1045), grande sucesso na Ilha de São Luís no início da carreira. Para completar, traz ainda uma bela parceria de Gerson da Conceição com o cantor e compositor Zeca Baleiro, em Flores no Asfalto.

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