Wilson Bueno junta-se a gigantes da literatura

?O maior pecado depois do pecado é a publicação do pecado.? Com um dos clássicos dizeres do mestre do romantismo brasileiro, Machado de Assis, o escritor Wilson Bueno assinala a epígrafe de seu último romance e se posiciona a respeito do ?crime?. Escritor, jornalista e crítico literário, o paranaense Wilson Bueno recebeu da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) a honra de ter sua obra Amar-te a ti nem sei se com carícias (2004) relacionada na lista do vestibular 2005. Entre as obras exigidas no processo seletivo estão ?pilares? da literatura brasileira como: Álvares de Azevedo, Carlos Drummond de Andrade, Dias Gomes e José de Alencar, entre outros.

Segundo Bueno, esta é sua segunda obra que participa de uma lista de vestibular. Há três anos, Meu tio Roseno, a cavalo (2000) também esteve na lista da UFMS e de outras universidades particulares. ?Fiquei muito satisfeito e até emocionado com essa escolha em Mato Grosso do Sul?, disse. Na semana passada ele participou da aula inaugural da UFMS para mais de seiscentas pessoas. ?Depois da aula fiquei autografando o livro por três horas?, lembra. Mesmo com todo o reconhecimento no Brasil, Bueno admite que se sente chateado por nunca ter tido seu nome nas listas da Universidade Federal do Paraná (UFPR). ?Aqui que é minha terra e o lugar onde trabalho, nunca estive nem nas alternativas erradas do vestibular UFPR?, afirma.

O livro Amar-te a ti nem sei se com carícias é um ?romance de suspense? em que há um crime, a busca pelo crime e um discurso crítico em relação à retórica das elites brasileiras do século XIX. Segundo o próprio autor, a obra trata sobretudo da enorme crueldade que existia na época; a Guerra do Paraguai e o tráfico de escravos são alguns exemplos da maneira como os ?bacharelados? da época se comportavam.

O romance foi escrito em cima da cópia de um manuscrito encontrado em uma casa demolida em Botafogo, no Rio de Janeiro. O documento trazia as siglas ?L.P.? na capa. A princípio, o texto tratava das memórias de Leocádio Prata, mas ninguém sabe afirmar ao certo se era dele, da sua esposa Lavínia Prata, ou de um desafeto de Leocádio, Licurgo Pontes, amante de Lavínia. A afirmação foi feita pelo próprio Wilson Bueno. ?Existe a suposição de que o amante tenha encontrado o original e reescrito à sua maneira?, exaltou Bueno.

Serviço: Livro: Amar-te a ti nem sei se com carícias, Editora Planeta, 195 páginas, R$ 29,00.

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