Walter Carvalho lança o livro ‘Contrastes Simultâneos’

Walter Carvalho autografa seu livro de fotografias Contrastes Simultâneos, na Livraria Cultura/Loja das Artes, 2º piso do Conjunto Nacional, na noite desta terça-feira, 2, a partir de 19h30. Não fosse uma obviedade, teríamos de dizer que o livro é belíssimo, como só poderia ser um álbum de fotos assinadas por um mestre como Walter Carvalho.

Nós o conhecemos do cinema, como diretor de fotografia de filmes como Lavoura Arcaica, Central do Brasil e Terra Estrangeira. Mas também como cineasta, autor de títulos como A Janela da Alma, Cazuza e Budapeste. Quem o conhece sabe do apuro e da invenção visual de Walter Carvalho, um fotógrafo em permanente diálogo com a pintura.

Seu trabalho é toda uma reflexão sobre a luz. Poderíamos dizer, sobre a luz e a sombra. Sobre o olhar humano e o recorte significativo que este lança sobre o mundo e, desta forma, o estrutura. Esse trabalho de artista começa por seu fundamento, que é a fotografia.

Em Contrastes Simultâneos, Walter opta pelo monocromático. Todas as fotos são em preto e branco. Limitação? Engano. Há todo um universo no velho P&B. A temática é variada. Imagens do sertão, de precários campos de futebol, do Maracanã (o antigo), de cidades estrangeiras, de anúncios no mundo urbano, de antigos matadouros com suas carcaças animais e seus trabalhadores da carne.

De algumas delas exala suave melancolia. Mas como defini-las?

Impossível definir uma foto. Impossível e inútil. Mesmo assim, Walter agrega ao volume um ensaio de sua lavra. Texto que não se quer explicativo ou elucidativo, mas que apenas tenta expor a ideia do fotógrafo sobre a fotografia.

E, uma dessas ideias, deduz-se, é a relação da fotografia com o tempo:

“Assusta-me a velocidade com que desaparecem as ruas, as casas, as pessoas, as cidades. Fotografo para guardar, para fazer com que aquilo que está desaparecendo continue existindo.”

A foto – como o cinema, de certa forma – é esta tentativa humana de domar o tempo. Mais ainda – de fixar o tempo significativo. Por isso, o mestre de todos, Henri Cartier-Bresson, falava do “instante decisivo”. Algo como a arte do arqueiro zen. O momento preciso – nem antes e nem depois – de dobrar o arco e disparar a flecha. Ou apertar o obturador. Para captar algo que não é mais uma imagem – mas uma essência da vida. Por isso Sartre dizia de Cartier-Bresson, que ele havia “fotografado a eternidade”.

As imagens constantes do livro percorrem 40 anos da trajetória do autor. Há nelas um mundo, não estático mas em movimento – como os olhos do menino da capa, que buscam a câmera, quer dizer, o olhar do fotógrafo.

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