Nos anos 1980, garotos como Tadeu Jungle e Fernando Meirelles buscavam um modelo alternativo de televisão, experimentando novas linguagens e meios de expressão. O Sesc Pompeia abrigou suas primeiras experiências em vídeo. Um festival que dava seus primeiros passos, em 1983, registrou esse processo embrionário de programas fora do circuito comercial e pioneiras peças de videoarte. Esse festival, Videobrasil, criado há 30 anos por Solange Farkas, acompanhou não só a evolução dos citados realizadores como trouxe ao Brasil, pela primeira vez, videomakers respeitados como Nam June Paik, Bill Viola e Gary Hill, além do cineasta Peter Greenaway e o artista sul-africano William Kentridge. Para comemorar seu aniversário, o Videobrasil promove, nesta quarta-feira, 16, e amanhã, 17, no Sesc Pompeia, zona oeste de São Paulo, dois encontros para debater a linguagem do vídeo realizado no Brasil justamente nessa época.

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O evento integra a programação do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, que vai inaugurar em novembro, no mesmo Sesc Pompeia, mostras com veteranos e realizadores da novíssima geração.

Hoje, às 20 horas, Tadeu Jungle conversa com o diretor de teatro José Celso Martinez Correa e os videomakers pioneiros Walter Silveira e Pedro Vieira sobre as experiência dos Teatro Oficina e da produtora TVDO. Amanhã, o cineasta Fernando Meirelles, diretor do filme Cidade de Deus, discute com Marcelo Tas, Marcelo Machado e Goulart de Andrade a contribuição do vídeo para o desenvolvimento das novas mídias.

O seminário do Videobrasil conta como esses realizadores apostaram na experimentação quando a videoarte ainda nem existia com esse nome e enfrentava a ação da Censura, como lembra a criadora do festival, inicialmente realizado em parceria com o Museu da Imagem e do Som (MIS) e há 18 anos transformado numa mostra mais abrangente com o apoio do Sesc. “Lembro de oficiais de Justiça entrando no MIS e dos processos que respondemos por causa de vídeos, não tanto por seu conteúdo político, mas por cenas de nudez, consumo de drogas e outros temas presentes nas produções dos anos 1980”.

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Curiosamente, a política marca algumas das 90 obras selecionadas para a mostra Panoramas do Sul, entre elas o vídeo Sitiado, do chileno Carlos Gusmán, de 26 anos, que trata dos anos de ditadura em seu país. Esse, porém, não é o tema dominante na mostra que será aberta em novembro e vai trazer nomes de jovens realizadores apontados por Solange Farkas como apostas do Videobrasil – três deles na faixa dos 30 anos, Bakary Diallo, do Mali, o israelense Dor Guez e o africano Emikal Eyonghakpe, da República dos Camarões.

A mostra chama-se Panoramas do Sul porque essa foi uma aposta – acertada – da criadora do Videobrasil. Até o sétimo festival não havia efetivamente a preocupação de exibir uma visão panorâmica do que estava sendo produzido na zona sul do globo. Os realizadores do Hemisfério Norte eram privilegiados no festival. Foi em 1990, ao visitar uma exposição de Nam June Paik no Pompidou, que a curadora teve seu momento epifânico.

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VIDEOBRASIL – SEMINÁRIO – Sesc Pompeia. Teatro. R. Clélia, 93, 3871-7700. 4ª e 5ª, 20 h. Grátis – retirar ingressos 1 h antes – http://site.videobrasil.org.br/

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.