Versão brasileira de um clássico de Moliére

Ele tem pavor de levar chifre e acredita que todas as mulheres inteligentes e belas traem seus maridos. Para se livrar do problema, adota uma menina e a cria na mais completa ignorância para que um dia ela seja sua esposa. O plano não dá certo: A menina se apaixona pelo filho do melhor amigo dele.

O assunto é atual, mas a história foi escrita por Moliére em 1662. A peça L’École des femmes foi traduzida por Millôr Fernandes e montada no Brasil com elenco formado, dentre outros, por Oscar Magrini, Erik Marmo e a curitibana Thais Pacholek.

Escola de mulheres já passou pelo interior e capital de São Paulo, Rio de Janeiro, e chega a Curitiba neste final de semana. Antes dessa montagem, a última em teatro profissional foi feita em 1985, com Jorge Dória.

O personagem principal é Arnolfo, interpretado com trejeitos hilários por Magrini. “São 47 páginas de texto e cada um tem uma concepção da idéia central. Senti a necessidade de fazer essas coisas diferentes ao longo de cada apresentação”, revela. Arnolfo tem tiques nervosos, não pára quieto e tem um comportamento tão engraçado que, mesmo sem falar, desperta o riso da platéia.

“Se formos ver a primeira vez que fiz o Arnolfo, perceberemos que está completamente diferente de agora. A interpretação foi se moldando àquilo que eu imaginava”, explica o ator.

Quem interpreta Inês, a menina adotada, é Thaís. De acordo com ela, apesar da ironia ser presente nos textos de Moliére e de Millôr, o humor da peça é descarado.

O cronista ajudou a trazer para atualidade e para o “jeitinho brasileiro” os termos e causos do francês, facilitando o entendimento do público. “É maravilhoso. Nós que estamos todo dia ali apresentando, ensaiando, toda hora damos risada. Imagina como é para quem vê a peça pela primeira vez?”, brinca.

Para a apresentação em Curitiba, Thaís sabe que contará com a família como espectadora. “Fica um friozinho a mais na barriga. A platéia curitibana tem fama de ser mais fria e mais exigente, mas a gente acredita que todos vão gostar”, garante.

Magrini, que completa 20 anos de carreira, também se diz lisonjeado de comemorar a ocasião na capital paranaense, ainda mais com o texto de Moliére. “É um texto com audácia, humor ácido. Moliére sacaneava com todo mundo. Apresentar isso em Curitiba, que é uma cidade que gosta de cultura e de teatro, é maravilhoso”, afirma.

Serviço

Escola de mulheres. Hoje e amanhã às 21h e domingo às 19h, no Teatro Fernanda Montenegro (Rua Coronel Dulcídio, 517 Batel).