Válido para admirar e ouvir Milton Nascimento

Um homem repleto de composições tocantes, boas histórias e grandes amigos. A vida e obra de Milton Nascimento são, por si só, farto material para qualquer documentarista interessado em perpetuar uma faceta da música brasileira. Os diretores Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor arcaram com essa responsabilidade, em 1997, gravando o especial A Sede do Peixe, e conseguiram um belo registro documental.

Exibido nos canais HBO e Multishow, o especial está sendo lançado agora em DVD, com distribuição da EMI. Uma produção da Conspiração Filmes, Nascimento Música, Tribo Produções e HBO Brasil, A Sede do Peixe, em versão DVD, traz as imagens veiculadas na TV, acrescido de material inédito que ficou de fora da edição. “O DVD dá mais liberdade em termos de tempo, o fã pode aproveitar o material e assisti-lo com mais cuidado”, diz Lula. Nos extras, há trechos de entrevistas não aproveitadas, tomadas das eloqüentes paisagens mineiras, curiosidades relacionadas às influências musicais de Milton.

Feito para a TV, mas em linguagem cinematográfica (rodado em 16 milímetros), A Sede do Peixe defende a tese de que a musicalidade de Milton Nascimento provém de suas ligações familiares e sentimentais com Minas. Nascido no Rio, o compositor foi para a cidade mineira de Três Pontas, mal-saído das fraldas, levado pelos pais adotivos. Bebeu na fonte da cultura afro local, teve contato com as manifestações folclóricas (como os cortejos do grupo Catopês), descobriu a magnitude dos tambores mineiros. Sua bela voz sempre atraiu as atenções dos moradores da cidade. Ele próprio tinha consciência de seu talento e garoto se lançou na carreira de crooner. Adolescente, ele se juntou a Wagner Tiso e ao grupo Luar de Prata e, mais tarde, com Tiso, integrou a banda W’Boys.

A Sede do Peixe não se aprofunda nesses primórdios da carreira de Milton. Não escapam à produção, no entanto, as influências regionais do músico, o papel que ele desempenhou para que os olhares se voltassem à música mineira, a importância de Elis Regina em sua carreira, o resgate do Clube da Esquina, e por aí vai.

Os diretores do documentário trataram de reunir Milton com outros membros do Clube, como Beto Guedes, Lô Borges, Fernando Brant e Tavinho Moura. Mesmo que o cenário utilizado para esse reencontro fosse um bar do Rio, distante da realidade mineira onde tudo começou. Entre conversas informais, o grupo relembra episódios em comum e velhas canções, incluindo Para Lennon e McCartney, Clube da Esquina n.º 2, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo.

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