Uma ótima idéia neste inverno: lembrar Leminski

No próximo dia 24 de agosto, Paulo Leminski completaria 60 anos de vida, mas ele partiu há 15 anos, marcados no calendário de seis de junho. Leminski foi o poeta de Curitiba, para Curitiba, por Curitiba.

Ele foi, provavelmente, o personagem paranaense que mais se destacou no cenário nacional, em qualquer das artes. Ou em qualquer atividade. No entanto, Leminsky permanece com sua obra enigmática, com seu estilo fascinante, com seus paradoxos, com sua poesia.

Relembrar Leminski foi uma oportunidade de ouro para a Editora Brasiliense que já havia editado a maior parte da obra deste poeta, jornalista, publicitário, biógrafo, ensaísta, romancista, tradutor e grande criador curitibano. Vale lembrar que essas obras sempre estiveram em catálogo e recebem reedições, eventualmente. Nesta semana a Brasiliense está relançando então, Jesus – a. C., Cruz e Sousa e O Negro Branco (Coleção Encanto Radical).

Cruz e Sousa e O Negro Branco

A vida problemática e atormentada de um negro genial que chegou a ser um dos maiores poetas do Brasil. O Cisne Negro, o Dante de Ébano, como já foi chamado, é a figura central do nosso simbolismo, esse movimento tão importante e tão pouco entendido.

Negro Cruz e Sousa. Negro simbolismo brasileiro. Ambos, alvo de preconceito. Da segregação. Da incompreensão. Acompanhando a trajetória de Cruz e Sousa, o leitor vai ver o que o Brasil tem de pior. E de melhor. Pobre Cruz. Ele era o melhor.

Jesus a.C.

Mal-aventurados os que se rendem às verdades absolutas sobre Jesus. Se foi reformador ou revolucionário, fariseu dissidente ou profeta iluminado, nada disso nos contam os Evangélios.

Jesus sabia se esconder bem entre as muralhas e as palavras. Indiscutível apenas é que sua doutrina tomou o poder no Império Romano sem levantar uma espada. Entender suas parábolas é mergulhar num emaranhado de significados que se multiplicam como os peixes do milagre evangélico. Peixes-símbolo de subversão da ordem vigente. Ler Jesus é caminhar sobre as águas incertas que vêm com força e quebram em ondas de interpretações. Nas praias, porém, só existe a certeza de que ele era um superpoeta.

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