Uma grata surpresa para a música brasileira

No seu novo disco, Brizzi do Brasil (Eldorado), Aldo Brizzi, maestro e compositor italiano radicado no Brasil desde 1999, lança seu olhar estrangeiro para a música brasileira como fonte de inspiração e possibilidades recíprocas de evolução. E mesclando o que há de melhor na nossa música com seu fazer contemporâneo, marcado pelo uso da eletrônica e polirritmias.

A música dos últimos séculos foi objeto de um incessante intercâmbio de sons, estilos e ritmos entre as costas da Europa, África e América. O CD Brizzi do Brasil segue por esta rota, com músicos convidados, instrumentistas europeus e sul-americanos de diferentes nacionalidades vindos do meio pop, world music ou da vanguarda que se juntam aos cantores, amalgamados pela presença de efeitos eletrônicos e samplers.

Participações especiais: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Margareth Menezes, Tom Zé, Virgínia Rodrigues, Zeca Baleiro, Olodum, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, o poeta Augusto de Campos, e de Portugal, o grupo Ala dos Namorados, Nuno Guerreiro e Teresa Salgueiro (do Madredeus).

Na abertura, Gilberto Gil interpreta Meninas de Programa, uma amostra do potencial desta fusão: percussão acústica, guitarra, violão e samplers de percussão resultam numa renda sonora de modernidade indiscutível. Na faixa seguinte, Mistério de Afrodite, as vozes de Teresa Salgueiro e de Caetano trazem a melancolia lusitana em uma bela melodia.

Zeca Baleiro, parceiro e intérprete, vem numa canção ao mesmo tempo triste e vigorosa, Exílio, e num dueto com Tereza Salgueiro em Ondas. Cat’s, na voz surpreendente de Virgínia Rodrigues é uma melodia lírica contemporânea, e Velada e Revelada é um dueto de Virgínia com o português Nuno Guerreiro, mesclando percussão do Olodum. Caetano reaparece num dueto com Augusto de Campos, e Arnaldo Antunes interpreta sua parceria com Aldo: a surpreendente Abraça o Meu Abraço. Finalizando, duas parcerias com Francisco Serrano: Tom Zé canta Down, Down, Down (momento máximo do disco) e o Ala dos Namorados interpreta a melódica Este Era um Gato.

Em tempo: a escolha do título surgiu do artigo de Augusto de Campos, na Folha de S. Paulo, em 1998, que dizia: “Bem-vindo, Aldo Brizzi, que a brisa do Brasil deslumbra, mas não dobra”.

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