Uma continuação do petardo Is This It

Room Of Fire, que chega às lojas do mundo inteiro no fim do mês, é, de fato, uma continuidade de Is This It. O som cru transformou-se na marca registrada da banda. Canções de melodias grudentas recheadas de guitarras barulhentas e os vocais de Julian Casablancas soterrados por efeitos (detalhe: sem qualquer sinal de backings).

O diálogo entre o baixo de Nikolai Fraiture e a bateria do carioca Fabrizio Moretti fazem as ligações com o que o mundo viu de melhor no período do pós-punk. O brasileiro Fab, por sinal, prova mais uma vez que é um dos grandes bateristas da atualidade. Econômico por natureza, é capaz de fazer multidão de milhões dançarem sem aparecer muito (leia-se dispensar toda e qualquer virada e tocar com precisão de bateria eletrônica).

Há perceptíveis evoluções, claro. Duas faixas provocam estranheza inicial ao flertarem com as guitarras e as linhas de baixo de reggae (Automatic Stop e Between Love And Hate). Under Control leva às raias da emoção com seu ritmo completamente desacelerado. Seria esta a surpreendente primeira balada dos Strokes? De qualquer forma, enquanto Julian canta versos como “I don?t wanna change your mind/ I don?t wanna waste your time/ I just wanna know you?re alright/ I gotta know you?re all right/ We?re young darling/ We don?t have no control”, torna-se impossível não se lembrar do melhor período produtivo da Motown (nos meados dos anos 60), quando baladas românticas adocicavam os corações dos jovens ouvintes das rádios AM americanas.

A maior surpresa de todas, porém, não é exatamente uma composição, mas está presente no arranjo de duas faixas. Nick Valensi precisou estourar dois amplificadores para descobrir como fazer sua guitarra soar como um teclado (!!!). “É um som incrível que ele descobriu”, comentou Hammond. A proeza de Valensi está no riff que dobra a melodia de 12:51 (primeiro single do álbum) e em The End Has No End.

Obra-prima

Sabendo exatamente onde querem chegar, Casablancas, Moretti, Fraiture, Hammond e Valensi compuseram outra obra-prima. Assim como no álbum anterior, em Room Of Fire não há barriga. Absolutamente todas as faixas são de primeira e obrigam você a querer ouvir seguidamente o disco inteiro, por várias vezes, por vários dias. Se não há mais a surpresa total dos tempos de Is This It, o grupo foi competente ao trabalhar com o refinamento da sonoridade que um dia encantou o mundo. Por refinamento entenda-se manter o equilíbrio entre doçura (riffs, batidas, melodias), aspereza (guitarras e baixos com linhas aparentemente perpendiculares) e visceralidade (distorções variadas, vocais berrados e mixados abaixo ou no mesmo nível dos instrumentos). Room Of Fire é o disco que todo mundo estava esperando. Mais e melhor dos Strokes.

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