Dez! nota dez!. Era assim que o ator, cineasta, apresentador de TV, colunista de jornais e revistas, compositor, produtor musical, vereador e antigo candidato a prefeito do Rio de Janeiro, o capixaba Carlos Imperial (1935 – 1992), anunciava as notas das escolas de samba do Rio na década de oitenta.
O bordão ficou tão famoso, que acabou se transformando na marca registrada do artista e dando nome à sua biografia, Dez! nota dez! Eu sou Carlos Imperial, que está sendo lançada pelo pesquisador Denilson Monteiro (também responsável pela pesquisa de texto e imagem de Vale tudo, o som e a fúria de Tim Maia), através da Matrix Editora.
Bastante irreverente e capaz de inventar situações que seriam destaque na mídia, Carlos era considerado um dos papas da pornochanchada. Chamado de “o rei da pilantragem” e “o grande vilão da TV”, ajudou muitos nomes do show bizz brasileiro a fazerem sucesso, como Roberto Carlos, Tim Maia, Clara Nunes, Elis Regina, entre outros. Sua vida foi marcada por diversos fatos polêmicos e engraçados, relatados na obra de Denilson.
“Sempre admirei Carlos Imperial. Quando eu era criança, o via na televisão, com cabelo comprido e barba, e tinha até um pouco de medo dele. Na década de oitenta, na adolescência, tive um outro olhar sobre sua pessoa ao vê-lo na TV, em um programa do Nelson Motta. Percebi como ele era simpático e engraçado e, posteriormente, descobri que ele era autor de diversas músicas que eu gostava (como Vem quente que eu estou fervendo, Nem vem que não tem, A praça, O bom e Mamãe passou açúcar em mim). A partir daí, minha admiração foi aumentando. Fiquei muito triste, em 1992, quando descobri que ele havia morrido”, conta o pesquisador.
Após o falecimento do ídolo, Denilson ficou esperando que uma biografia fosse lançada. Como isso não aconteceu, resolveu ele mesmo trabalhar na confecção da obra.
Procurou reportagens de jornais sobre o artista e passou a realizar entrevistas com familiares, amigos e colegas de trabalho de Imperial. A atividade teve início em 1992 e resultou em uma obra composta de quatrocentas páginas, que já está à venda em livrarias de todo Brasil.
Entre os fatos polêmicos citados no livro, está o episódio em que Carlos, no início da década de oitenta, contratou um jovem para correr nu no meio da primeira exibição de seu filme As delícias do sexo, causando alvoroço na platéia; e a ocasião em que o artista enfrentou o regime militar, enviando um cartão de Natal irreverente a algumas personalidades em pleno AI-5, o que lhe rendeu um período no presídio da Ilha Grande (RJ).