Um pouco de malandragem

O nome nos créditos vai soar como o primeiro “truque” de Os Vigaristas, que estréia hoje nos cinemas. Quem assina a direção é Ridley Scott, dos grandiosos Blade Runner, Alien e Gladiador. Mas o filme é uma comédia leve e agradável, com um roteiro interessante, alguma surpresa e quase nenhuma pretensão.

Todos parecem ter se divertido muito no filme. Começando pelo próprio Scott, que permitiu-se um “refresco” antes de mergulhar nos projetos Tripoli e Crusades, bem mais ambiciosos – mais compatíveis portanto com a griffe Ridley Scott: “As grandes produções nos ocupam durante muitos meses. Já neste filme tudo foi muito rápido, dois meses e meio de preparação para filmar em nove semanas”, contou o diretor em entrevista à revista Set. E parece que ele ficou bastante satisfeito com o resultado: “Eu nunca tinha me divertido tanto trabalhando em um filme. Quando fui embora, no último dia, fiquei realmente desapontado”.

O elenco também parece ter aproveitado. Nicolas Cage conseguiu soltar-se outra vez, e está excelente como Roy Waller, um trambiqueiro obsessivo-compulsivo, que de repente descobre que tem uma filha adolescente e depara com o dilema de servir-lhe de exemplo. A menina, Angela – Alison Lohman (de 24 anos, mas extremamente convincente como uma garota de 14) -, é encantadora. E o discípulo de Roy, Frank, interpretado com mestria por Sam Rockwell, é quase insuperável no quesito cinismo. Essa descontração toda acaba se refletindo na platéia, que vai se divertir com as manias de Roy e a espontaneidade de Angela.

Talento

A menina, que só foi conhecer o pai aos 14 anos, identifica-se imediamente com ele. Ao ponto de pedir para aprender alguns golpes. Relutante no início, Roy ensina algumas pequenas armações, e Angela acaba revelando um talento excepcional para a contravenção. Dividido entre o orgulho e a preocupação, Roy tenta convencê-la de que sua atividade é desprezível. Mas é tarde demais: a menina vai entrar na gangue – e a partir daí, será um páreo duro para os outros dois em matéria de vigarice. Arrisca até o público ser ludibriado.

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