Um ano após a morte de Amy Winehouse, pop tem apenas lacunas

Ninguém está vendendo muito disco pelo mundo. A crise deixou os patamares do sucesso bem reduzidos. Por isso, vender quase 2,5 milhões de álbuns em um ano é motivo de muita comemoração.

Neste caso, comemoração póstuma. A dona da marca de vendagem é Amy Winehouse, que morreu há um ano, depois de um consumo farto de álcool após um período de abstinência.

Sua morte encerrou um período de mais de dois anos de vida errática, repleta de internações por excessos químicos, barracos em tribunais, shows cancelados e muita vigilância do público.

Amy morreu aos 27 anos, deixando como legado dois álbuns em que resgata para as novas gerações a soul music inglesa de cantora brancas como Dusty Springfield e Peggy Lee.

Depois de sua morte, fãs tinham a esperança de escutar mais de Amy em gravações que sabidamente permaneciam inéditas e descobrir mais sobre ela na inevitável enxurrada de biografias.

No entanto, o primeiro ano do pop pós-Amy ficou devendo muito aos fãs.
Documentários e livros apareceram nas lojas, em enorme variedade, mas tudo rasteiro, uma produção caça-níquel sem acrescentar nada à construção de um perfil mais satisfatório da grande cantora.

Sai no Brasil em agosto “Amy, Minha Filha”. É o relato de Mitch Amyhouse, recheado de insistentes passagens em que ele conta como tentou livrar a filha da drogas.

Quanto às músicas, “Lioness: Hidden Treasures” chegou ao top da parada inglesa em dezembro e foi responsável por mais de dois milhões de unidades na conta dos álbuns vendidos. No entanto, é decepcionante.

Tem algumas poucas faixas de valor histórico, como a versão de “Garota de Ipanema” que ela registrou em um estúdio de Miami em 2003, antes da carreira fonográfica. Mas não traz nada que chegue perto da fúria soul de “Back to Black” (2006), o grande disco dela.

No quesito “sucessora”, não há ainda o que comemorar. Amy morreu no meio do “ano Adele”, quando sua compatriota bem-comportada já assombrava o mundo com outro vozeirão.

As apostas em novas Amys, como Duffy e Dionne Bromfield, não vingaram, e a voracidade impaciente do mundo pop já fala até em buscar uma nova Adele.

Enquanto outros nomes se perpetuam por influenciar seguidores, neste primeiro ano após sua morte Amy Winehouse se mantém viva no pop pelo grande buraco que ninguém consegue preencher.

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