Tim Maia, O Musical, volta a Curitiba para dois shows

 “Tim Maia foi o ser mais livre que eu conheci”.  A frase de Nelson Motta sintetiza de forma ampla e ao mesmo tempo precisa uma das figuras mais controversas, anárquicas e amadas que a música deste país já produziu. Tudo no saudoso artista é superlativo, inclusive o retumbante sucesso de “Tim Maia – Vale Tudo, O Musical”, visto por mais de 180 mil espectadores, que está em turnê pelo Brasil e desembarca nesta semana em Curitiba.

Com realização da Prime, o espetáculo de Nelson Motta, com direção de João Fonseca, faz curta temporada neste sábado (25) e domingo (26) no Teatro Positivo Grande Auditório (R: Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), com sessões às 21h15 e 19 horas, respectivamente.

Na superprodução, fazem parte do repertório grandes sucessos como, “Vale Tudo”, “Do Leme ao Pontal”, “Cerejeira Rosa”, “Azul da cor do Mar”, “Primavera”, “Padre Cícero”,  “Eu amo Você”, “Não quero dinheiro”, “Chocolate”, “These are the songs”,  “Gostava Tanto de você”, “Sossego”, “Acende o Farol” e “Você”.

O elenco é encabeçado por Tiago Abravanel, que por sua participação na próxima novela das 21h da Rede Globo, “Salve, Jorge!” deixa a responsabilidade da substituição para o talentoso ator e cantor Danilo de Moura, de 29 anos, que já participou dos musicais Hairspray e Aladdin. Eles tem a missão de reviver o lendário Tim Maia nos palcos. Completam o elenco do musical os atores: Izabella Bicalho, Lilian Valeska, Pedro Lima, Andreh Viéri, Bernardo La Rocque, Reiner Tenente, Evelyn Castro, Pablo Ascoli, Aline Wirley e Leticia Pedroza.

“Para os demais papéis, chamei atores que conhecia ou com quem já tinha trabalhado. Nem foram necessárias aulas de canto, todos já vieram totalmente preparados”, explica João Fonseca. Cada um deles interpreta de três a sete personagens, desde os pais de Tim Maia e figuras célebres como Roberto e Erasmo Carlos, Elis Regina, Jorge Benjor, Carlos Imperial, Chico Buarque e o próprio Nelson Motta, até presenças pontuais como os irmãos, músicos, amigos, entre outros.

A amizade com Tim, conta Nelson Motta, começou em 1969, quando produziu para o disco de Elis Regina o dueto que apresentou ao mundo o vozeirão do cantor, ‘These are the songs’. Por isso, é testemunha de histórias incríveis, como as aventuras vividas nos Estados Unidos, no início da carreira, graças a um improvável convite da Arquidiocese. A viagem não terminou bem: Tim voltou ao Brasil deportado, acusado de roubar um carro e de portar substâncias ilegais.

Do livro para o palco, o processo de transposição do texto foi todo muito orgânico e em parceria: “Fui amigo do Tim a vida inteira, sabia tudo dele. Então foi fácil e muito prazeroso escrever, porque o João Fonseca me ajudou muito com a sua visão teatral, cênica de espetáculo. Sou de uma escola jornalística, narrativa, linear, e ele me estimulou a criar cenas livremente”. Esta foi a segunda experiência de Nelson com teatro. A anterior havia sido ‘A Feiticeira’ (de 76), em parceria com Fauzi Arap e protagonizado por Marília Pêra. “É muito difícil”, dá a pista sobre os motivos da volta à dramaturgia teatral e emenda: “Além desse auxílio luxuoso – e decisivo – do João, o espetáculo é uma obra em progresso, que foi sendo adaptada e ajustada durante os ensaios, de acordo com as possibilidades que se abriram. Para mim foi tudo novidade. E estou tomando gosto!”.

O diretor João Fonseca optou por estruturar a narrativa em blocos temáticos, que são ilustrados por clássicos de Tim que remetem conceitualmente a cada passagem. A cena se desdobra a partir da infância pobre no bairro carioca da Tijuca, o contato com a música e as primeiras bandas que integrou, como ‘Tijucanos do Ritmo’, ‘The Sputniks’ e ‘The Snackes’, quando conheceu Roberto Carlos, Jorge Benjor e Erasmo Carlos.

Momentos como a partida para os Estados Unidos, em 1959, e a posterior deportação por roubo e porte de drogas; a eclosão da Jovem Guarda e a gravação do primeiro disco; a primeira grande paixão, Janete, e as discussões explosivas travadas entre o Rio e Londres em diversas idas e vindas; o período em que aderiu à ideologia ‘Racional Superior’; a explosão popular; os filhos; a formação da banda Vitória Régia…todos os acontecimentos são permeados por episódios memoráveis (e na maioria das vezes hilários) radiografados com precisão de detalhes por Nelson Motta.

Fiel à construção narrativa concebida por Nelson e João, o cenógrafo Nello Marrese projetou a área cênica como um palco de show com paredes e objetos de estúdio, os dois lugares onde Tim Maia se sentia mais à vontade.

A partir disso, há 14 trocas de cenário através de adereços e elementos alegóricos. “As mudanças ocorrem a cada bloco temático. Por exemplo, a infância é representada por um imenso varal de roupas e objetos de praia; a primeira banda dele, por semáforos e uma lambreta de verdade; já na fase ‘racional’, o palco fica todo branco; no final, usamos globo de discoteca e um telão de led”, explica Nello.

Reproduzir a estética sonora da Vitória Régia, banda formada por Tim em 1976 e que o acompanhou por 22 anos, foi a escolha do diretor musical e arranjador Alexandre Elias: “A Vitória Régia teve várias formações ao longo dos anos, com 8, 9 ou 10 músicos, de acordo com as escolhas do Tim em cada momento”. Conversando com amigos que tocavam na banda, Alexandre chegou à formação mais constante, com dois sopros, teclado, guitarra, baixo e bateria. Mesmo tendo mudado a sonoridade ao longo da carreira, o que se ouve no espetáculo é o Tim Maia da black music: “ O Tim foi o precursor da soul music no país, voltou dos EUA muito influenciado pelo som da Motown e criou por aqui aquilo que se chama de ‘música preta brasileira’. Optamos por ressaltar as variações do Tim Maia como cantor e compositor ao longo da carreira através da sonoridade mais característica dele, totalmente black music, de canções antológicas como ‘Azul da Cor do Mar’, entre tantas outras”, contextualiza Alexandre.

Ficha Técnica:

Texto: Nelson Motta
Direção: João Fonseca
Direção musical: Alexandre Elias
Elenco: Tiago Abravanel ou Danilo de Moura, Izabella Bicalho, Lilian Valeska, Pedro Lima, Andreh Viéri, Bernardo La Rocque, Reiner Tenente, Evelyn Castro, Pablo Ascoli, Aline Wirley e Leticia Pedroza.
Coreografias: Sueli Guerra
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Cenário: Nello Marrese
Figurinos: Rui Cortez
Fotos: Caio Gallucci

Serviço

Tim Maia – Vale Tudo, O Musical
25 e 26 de agosto de 2012 (Sábado e Domingo)
Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300)
25 de agosto (Sábado) –  abertura do teatro – 20h / Início do espetáculo: 21h15
26 de agosto (Domingo) -abertura do teatro– 18h / Início do espetáculo:19h
Tempo do Espetáculo: 130 minutos
Ingressos: Plateia Inferior (filas de 01 a 15) – R$ 165,00 (inteira) e R$ 85,00 (meia-entrada) / Plateia Superior (filas de 16 a 28) – R$145,00 (inteira) e R$ 75,00 (meia-entrada).
Classificação etária: 16 anos
Informações p/ o público: (41) 3315-0808 / 3317-3107 / www.maisumadaprime.com.br

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