A propósito de The Early Years (Zomba Records), o “madonnólogo” Carlos Sodré lembra que Madonna, “numa dessas tentativas de gravar demos, foi convidada a fazer os vocais para um tal Otto Von Wernherr, um alemão esquisito, dublê de ator e aspirante a cantor. O resultado é uma coisa sinistra, que mais parece uma gravação do grupo Genghis Khan para assombrar criancinhas desobedientes do que um disco com alguma pretensão comercial.
Mas The Early Years, que chega ao Brasil mais de vinte anos depois que veio ao mundo, é, sem dúvida alguma, um histórico registro do período em que o maior fenômeno feminino da música pop estava prestes a explodir. Madonna surgia nas rádios em 83 com Everybody, sua primeira composição a sair dos clubes de Nova York e ganhar o mundo. Até no distante Brasil a música foi tema de novela das sete, e, hoje, às vésperas do lançamento do seu décimo álbum de carreira, a baixinha petulante, insaciável e voraz não parece nada disposta a parar de ganhar, ganhar e ganhar. Provavelmente Madonna não sabe, não quer saber e tem raiva de quem sabe por que raios alguém ainda insiste em lançar e relançar essa velharia de um cambalacheiro alemão que transformou seus vocais em oito “canções”.