Tamanqueiros no primeiro planalto

A segunda edição do Fandango sobe a Serra, de hoje a sexta-feira, reúne no palco do auditório do Colégio Estadual do Paraná fandangueiros do litoral paranaense e de São Paulo, além de grupos de Curitiba. Coordenado pela atriz Maria de Lourdes da Silva Brito, o evento visa a notabilizar, entre os jovens, uma cultura popular em risco de extinção.

O projeto, viabilizado pelas leis de incentivo à cultura de Curitiba e Rouanet, é destinado principalmente à rede escolar, envolvendo alunos e professores, e ao público interessado em conhecer um aspecto da cultura caiçara. No período da tarde, das 14 às 17h, haverá oficinas com Anísio e Heraldo Pereira, pai e filho dedicados ao artesanato com a caxeta, madeira apropriada para a rabeca -instrumento típico do fandango. A família Pereira também dará oficina de dança (tamanqueado), enquanto o Grupo de Meste Eugênio ensinará ritmos obtidos com o pandeiro.

À noite, às 19h, haverá palestras a cargo de Márcia Nunes (Centro de Estudos Caiçara-Iguape, São Paulo), Magnus Roberto de Mello Pereira (Departamento de História da Universidade Federal do Paraná), Márcia Kersten (Departamento de Antropologia da UFPR) e Sandra Leal (Fundação de Turismo de Paranaguá).

A abertura das apresentações acontece hoje, às 20h, com o Grupo Jovens da Juréia e Quilombo do Morro Seco, ambos de São Paulo, mais o Mundaréu, de Curitiba. A Associação Jovens da Juréia nasceu em 1993 no litoral paulista com o objetivo de cultivar a tradição caiçara. É composto por 22 folgadeiros (dançarinos) e músicos.

O fandango é uma dança nascida na Europa (Península Ibérica) em tempos remotos, cuja origem no litoral paranaense tem origem difusa, sendo a mais aceita a procedência paulista. É caracterizada como um baile ruidoso, pelo uso dos tamancos como percussão, e se manifestava principalmente ao final dos mutirões para roçados ou plantações.

Um dos grupos paranaenses que mantêm o fandango em atividade é o do Mestre Romão de Paranaguá, formado em 1994, e que foi tema de vídeos universitários na Alemanha e Estados Unidos. Mestre Romão, de 75 anos, bate o tamanco com mais 35 folgadeiros e músicos amanhã à noite. Divide o palco com o Grupo Fato, de Curitiba.

Na quinta-feira, sobe ao palco o Grupo Mestre Eugênio da Casa do Fandango da Ilha de Valadares, um reduto de fandangueiros muito ativo e importante no litoral paranaense. Com ele estarão os cantores do Meu Paraná, um dos grupos mais antigos de Curitiba, dedicado à cultura popular. E, finalizando, na sexta, o Viola Quebrada, que canta música caipira, recebe o Grupo Família Pereira, cuja tradição no fandango é das mais antigas. Também estará no palco o Grupo Folclórico Caiçaras do Paraná, nascido do Grupo de Mestre Romão, em Paranaguá, no ano passado.

***

Apresentações e palestras de hoje a sexta, no Auditório Bento Mossurunga – Colégio Estadual do Paraná (Av. João Gualberto, 250), às 10, 15 e 20 horas. Oficinas das 14 às 17h. Mais informações pelo telefone/fax (41) 252-7998.

Fandango na era digital

O Fandango Sobe a Serra 2 traz uma novidade: a edição de um CD, que vem encartado num livreto de quase 100 páginas, com estudos assinados por Maria de Lourdes da Silva Brito, José Augusto Gemba Rando, Nazir Bittar (autor de tese de mestrado em musicologia na Universidade de Colônia, Alemanha), das professoras e pesquisadoras Sandra Mara Leite de Andrade e Joceli de Fátima Tomio Arantes e pelo folclorista Inamy Custódio Pinto.

O disco, gravado no estúdio Trilhas Urbanas em Curitiba, traz as modas e valsados do fandango interpretadas pela Família Pereira e Grupo Romão, com direção musical de Luiz Rogério Gulin. Assim o projeto espera atender melhor as escolas para divulgar essa manifestação cultural entre crianças e jovens. A distribuição será gratuita e entregue aos professores inscritos nas oficinas.

Voltar ao topo