Spielberg fará filme sobre judeus italianos

O cineasta americano Steven Spielberg começará em poucos meses a rodagem de um documentário sobre a história de 400 judeus italianos sobreviventes dos campos de concentração nazistas. A intenção é que o filme seja distribuído nas escolas, disse o diretor e produtor ao jornal “Corriere della Sera”.

“Nos próximos meses farei com Mimmo Calopresti um documentário sobre 400 judeus italianos sobreviventes da Shoah”, explicou o diretor de 57 anos em entrevista publicada pelo jornal italiano.

Spielberg, que em 14 de abril receberá na Itália, das mãos do presidente Carlo Azeglio Ciampi, a Gran Cruz da República, assegurou que, dentre todos os seus filmes, “A lista de Schindler” foi o que mais mudou sua vida e pelo qual ele gostaria de ser lembrado.

“?A lista de Schindler? foi o filme que mais mudou minha vida, minha contribuição mais importante para a posteridade e pelo qual gostaria de ser recordado pelas gerações futuras. Me diverti mais rodando ?ET? ou ?Indiana Jones?, mas o verdadeiro Spielberg está em ?A lista de Schindler?”, acrescentou.

Premiado com sete Oscar – entre os quais o de melhor filme e o de melhor diretor -, o filme sobre o industrial nazista que salvou 1.200 judeus dos campos de extermínio arrecadou, além disso, cerca de US$ 350 milhões, dos quais nem um centavo foi parar nos bolsos do cineasta.

“Enquanto rodava esse filme me prometi que, se tivesse lucros, eles não poderiam ser para mim ou para minha família, mas deveriam ser devolvidos ao mundo”, explicou Spielberg que, dessa forma, decidiu fundar a Shoah Foundation, destinada a preservar a memória do Holocausto e combater todas as formas de intolerância racial.

Com o documentário sobre os 400 judeus italianos que sobreviveram ao Holocausto, Spielberg espera “eletrizar os professores, em cujas mãos está nosso futuro” e convencer a ministra italiana da Educação, Letizia Moratti, para que o inclua no programa e possa ser visto pelas crianças italianas.

“O anti-semitismo marcou minha infância”, disse Spielberg

O objetivo é que “todos os estudantes o vejam, um pouco como ocorreu nas escolas alemãs; a Alemanha é o país que mais fez para confrontar e expiar seu próprio trágico passado”, disse.

“Pode-se falar a uma criança de sete anos sobre o Holocausto, usando metáforas muito prudentes, baseando-se em experiências e emoções tangíveis que essa criança vive na vida de todos os dias, como o fato de ser rejeitado por seus companheiros pelo tipo de cabelo ou por usar muletas porque quebrou uma perna”, acrescentou o cineasta.

Na mesma entrevista, Spielberg recordou suas raízes judias: “O anti-semitismo marcou minha infância, fazendo com que só me sentisse seguro atrás da porta de minha casa”, afirmou.

“Tinha medo de ir à escola, de voltar sozinho para casa e de ver novos companheiros porque temia que os mais exaltados me seguissem ou gritassem, ao passar ao meu lado: ?Judeu sujo!?”, assinalou.

Em relação à atual situação no Oriente Médio, Spielberg mostrou-se seguro de que “um dia palestinos e israelenses viverão em paz”. Isso só acontecerá, porém, segundo ele, “quando entenderem que o ?olho por olho, dente por dente? não é um princípio válido e que se deve apostar em uma convivência pacífica”.

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