Séries devem substituir novelas, diz autora de ‘Friends’

Novela é coisa do passado. Para Marta Kauffman, coautora da série “Friends” – que durou dez anos e, no Brasil, continua no ar pelo Warner -, o principal produto de exportação da televisão brasileira está ultrapassado. A norte-americana veio ao País esta semana para treinar roteiristas da Globosat e conversou com a reportagem sobre as impressões ao assistir às produções nacionais.

“Assim como acontece com as novelas, parece que a maioria das séries de vocês têm uma ideia limitada. Nos EUA, a primeira coisa que você se pergunta é: isso pode durar cinco ou dez anos? De onde virão outras histórias? Essa será a mudança”, analisa a autora, que não se lembra do nome das atrações que viu. “Uma era sobre uma família e a outra era uma coisa policial”, conta. Questionada se o segundo programa era o seriado “Força-Tarefa” (Globo), ela concorda.

Em uma palestra aos roteiristas, na terça-feira (12) passada, ela reforçou a opinião de que as tramas da noite estão com os dias contados. “Direi coisas que vão deixá-los tristes. A telenovela não vai ser o primeiro gênero de entretenimento, não vai funcionar mais. Todo mundo tem de pensar algo diferente a ser feito. As pessoas não veem mais TV como antes. Quando a novela acaba, ninguém vê no DVD nem assiste no YouTube”, avalia.

Para ela, produzir programas com temporadas é o caminho da TV. “Acho que isso está evoluindo aqui. Minha esperança é que o mercado saiba que é preciso fazer um investimento para os próximos anos. Nos EUA, tudo está acontecendo na TV e nas séries para internet. Há outras maneiras de contar histórias.”

De 1994 a 2004, Marta viveu em função de “Friends” ao lado de David Crane, também autor e produtor executivo da atração, com quem virou noites escrevendo. E garante que nunca houve momentos de crise, nem mesmo quando os atores pediam aumento. “É estressante, mas não houve momento difícil. Talvez o mais difícil nos dez anos foram algumas histórias de alguns episódios que não funcionaram, eram chatas. Vi e pensei: posso pular da janela?”, diverte-se.

As histórias surgiram a partir da experiência dela e de Crane quando foram morar em Nova York com amigos. “Eu não anotava nada, não sabia que ia usar aquilo. Só vivi a vida. Mas nós dois lembrávamos de tudo”, revela a autora, que chegou a dividir os textos com 14 roteiristas. “Nossa regra era não levar crédito por nada. É tudo coletivo. Assim, o grupo se sente bem.” Agora, Marta está envolvida na produção de “Call me Crazy: A Five Film”, continuação do filme para TV “Five”, sobre mulheres com câncer de mama. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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