Outro destaque desta edição de aniversário é uma longa entrevista com o crítico literário Wilson Martins. Numa conversa com o jornalista Rodney Caetano, Martins discorreu sobre de que modos a leitura, a informação e o conhecimento são compreendidos pela contemporaneidade. ?Em outros tempos, a leitura era uma a maneira de integrar o intelecto?, afirmou o crítico. ?Hoje tudo se fragmenta no cinema, na televisão, na internet, nos enormes interesses econômicos, na propaganda.? Para ele, ?noções fáceis, popularizadas pela televisão e pelo jornalismo, passaram a predominar no espírito das pessoas?. ?Machado de Assis não tinha outro horizonte a não ser os livros e os jornais?, disse Martins. ?Se vivesse nos nossos dias, ele provavelmente teria outro critério de interesses e avaliação.? A entrevista é precedida por uma crônica do jornalista Marcio Renato dos Santos sobre o seu relacionamento pessoal o ?mestre da crítica?.
O Rascunho de abril também traz diversas resenhas de livros brasileiros como Quem Faz Gemer a Terra e Logo Tu Repousarás Também, de Charles Kiefer (por Paulo Krauss); A Cidade Devolvida, de Whisner Fraga (por Ronaldo Cagiano); Teresa, Que Esperava Uvas, de Monique Revillion (por Moacyr Godoy Moreira); Contos Cruéis ? As Narrativas mais Violentas da Literatura Brasileira Contemporânea, volume organizado por Rinaldo Fernandes (por Nilto Maciel); O Paraíso É Bem Bacana, de André Sant?Anna (por Paulo Bentancur); Carnaval, de João Gabriel de Lima (por Andrea Ribeiro); e Mano Juan, de Marcos Rey (por Fabio Silvestre Cardoso).
Ainda nos dois primeiros cadernos desse número, dedicados à produção literária nacional, o poeta Álvaro Alves de Faria analisa as obras mais recentes de cinco colegas de verso: Neide Archanjo, Fernando Paixão, Simone Homem de Mello, Cyro de Mattos e Lília A. Pereira da Silva. Respondendo às críticas que recebeu por seu artigo ?Dom Casmurro, Obra-prima de um Gênio? Não e Não!?, publicado no Rascunho 68, o escritor Domingos Pellegrini investe em outro texto polêmico: ?Exigir Ética É Ser Moralista??. O escritor Nelson de Oliveira, no artigo ?Os Dois Lados do Círculo?, discorreu sobre vários autores cuja obra se caracteriza por uma amenização das diferenças entre prosa e poesia. O colunista Eduardo Ferreira publica um texto sobre o historiador, poeta e tradutor Bartolomé Mitre, presidente argentino na época da Guerra do Paraguai. E Rinaldo Fernandes, em sua coluna Rodapé, debate a falta de espaço que se dá, no mercado editorial brasileiro, aos autores chamados ?da periferia?, distantes do eixo Rio?São Paulo.
Viramundo
No caderno Viramundo, dedicado à produção de literatura estrangeira, o jornalista Irinêo Netto comenta o novo romance do inglês Nick Hornby, Uma Longa Queda. O escritor Luiz Paulo Faccioli analisa três obras do norte-americano Truman Capote: A Sangue Frio, Bonequinha de Luxo e Música para Camaleões. O jornalista Adriano Koehler resenha os livros Marca-d?água, do russo Joseph Brodsky, e Cosima, da italiana Grazia Deledda. Sobre À Espera dos Bárbaros, do sul-africano J. M. Coetzee, escreveu o jornalista Fabio Silvestre Cardoso. E o também jornalista Paulo Camargo se encarregou das obras Howards End e Maurice, do inglês E. M. Forster.
Completando o Viramundo, o crítico literário Paulo Franchetti colaborou com o texto ?Nas Pegadas de Dante?, que trata da importância de ler autores que sedimentaram os caminhos da literatura.
Dom Casmurro
Além da publicação de três novos capítulos do romance-folhetim O Inglês do Cemitério dos Ingleses, de Fernando Monteiro, destacam-se no caderno Dom Casmurro (destinado à publicação de prosa e poesia inéditas) os contos de Rodrigo Gurgel, ?O Nome de Amor?, e de Manuel Jorge Marmelo, ?Genoveva Perde a Guerra?. Marmelo é português, nascido no Porto, em 1971, e publica seu texto na seção Oceanos ? Literaturas de Língua Portuguesa, organizada por Luiz Ruffato. O caderno ainda traz três poemas de Marco Polo Guimarães, editor da revista Continente Multicultural, e o resultado do 1.º Prêmio Unimed/ Rascunho de Contos e Crônicas. Venceram o concurso os médicos Sergio Murilo Regula Esposito, com o conto ?Tradição e Família?, e Paulo Tadeu Poli, com a crônica ?Biruta?.
Mais: na coluna Prateleira, leia sobre os novos lançamentos e reedições de autores como Caio Fernando Abreu, Hilda Hilst, Matthew Pearl, Pierre Frei, Damon Galgut, Andrea Camilleri, Louis Auchincloss e Luis Sepulveda.
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O Rascunho é um jornal literário de circulação mensal e nacional, criado em Curitiba, em abril de 2000, pelo jornalista Rogério Pereira. Sua assinatura semestral custa R$ 30. Para assiná-lo, os interessados devem escrever para rascunho@onda.com.br.