´Sabor da Paixão´ tenta resgatar ibope

“Sabor da Paixão” vai ser uma açucarada comédia romântica. Isto porque desde os protagonistas Luigi Baricelli e Letícia Spiller até a autora e diretora, Ana Maria Moretzsohn e Denise Saraceni, todos fazem analogias alimentares mais que previsíveis com o título “Sabor da Paixão”. “Queremos ?colher? o coração do público. Cativá-lo pelo Sabor e pela Paixão”, promete Denise. “Busquei colocar pimenta no meu personagem para deixar a novela melhor temperada”, anuncia Luigi.

Tanto lugar-comum não é por acaso. “Sabor da Paixão” é mais uma típica novela de Ana Maria Moretzsohn, que reúne uma história leve, personagens exemplares e assuntos frugais, como enologia e gastronomia. “O público das seis rejeita tramas que não possam ser vistas em família. Levo em conta este tipo de informação”, confirma a autora.

Planejada para reunir no sofá avós e netos, “Sabor da Paixão” não possui como ponto forte a originalidade. Basicamente, é a história de Diana, vivida por Letícia, que tem abalado o noivado com Nelson, papel de Marcelo Serrado, após conhecer o “mulherengo” Alexandre, personagem de Luigi. “Minha personagem é uma Cinderela. Ela descobre que paixão tem sabor de vida”, diz Letícia, em mais um infame trocadilho. Além do drama romântico, a heroína também vai ter de tomar conta da família após a morte do pai, o português Miguel Maria, vivido por Lima Duarte. Ao saber que tem terras em Portugal para receber como herança, a personagem viaja ao país de Camões. Lá, descobre que quem se adonou de sua herança é a vilã Zenilda Paixão, papel de Arlete Salles, justamente a mãe de Alexandre, o “moço bonito” que fez palpitar o coração de Diana. “A Zenilda é uma vilã consciente. O meu desafio é fazer o público esquecer a Augusta de ?Porto dos Milagres?, que era uma vilã maluquete”, compara a atriz.

Exterior

“Sabor da Paixão” também vai recorrer à fórmula de exibir cenas gravadas no exterior e de dispor da participação de um grande ator. Nos 25 capítulos iniciais, a novela mostra a bela cidade portuguesa de Porto, onde a personagem de Arlete possui a Quinta Paixão, que produz vários tipos de vinho. O lugar vai servir como uma divulgação gastronômica, já que a região é também conhecida pela riqueza da culinária. É aí que entra o português de Lima Duarte. Dono do bar Flor do Douro no bairro da Lapa, no Rio, o personagem é um excelente cozinheiro especializado em culinária portuguesa. Lima, no entanto, é o primeiro a dizer que não teria pique para uma novela inteira. “Ando muito cansado para isso”, avisa o ator de 72 anos e mais de 40 novelas nas costas.

Na verdade, o bar do português vai ser o ponto de encontro de outros personagens que transitam pela Lapa. É lá que aparece o personagem de Edson Celulari, o pintor Jean Valjean. Ele é um misterioso francês que vive embriagado e vai tomar conta da família de Miguel Maria quando este morrer. O personagem de Edson pode ser a surpresa da novela, já que o público está mais acostumado a vê-lo em papel de galã. “Quero mesmo surpreender”, reconhece Edson. Além de mostrar a boêmia da Lapa, com direito a muito samba e chorinho, o bairro vai abrigar o antiquário gerenciado pelo personagem de Marcelo Serrado, noivo da protagonista. “Ele vai roubar peças do antiquário. É um vilão, mas não vou caricaturar”, promete o ator.

Com o cosmopolita e alegre bairro da Lapa e os vinhedos portugueses como pano de fundo, “Sabor da Paixão” estréia com a tarefa de melhorar a audiência das seis. As anteriores “Coração de Estudante” e “A Padroeira” penaram para ultrapassar a casa dos 30 pontos de média. Ficaram longe do sucesso de “Estrela-Guia”, da própria autora de “Sabor da Paixão”, que atingia 40 pontos com facilidade em 2001.

Polêmica adotada

“Sabor da Paixão” também vai tocar em assuntos sérios, como adoção e maus-tratos contra crianças. Mas a própria autora diz que não vai utilizar depoimentos reais ou dar um tom jornalístico ao assunto. Quem vai levantar a bandeira da adoção será Edith Rosa, personagem de Lilia Cabral. Ela é a melhor amiga de Cecília, papel de Cássia Kiss, e dona de um sobrado na Lapa que aluga quartos para os personagens de Edson Celulari e Vanessa Pascale. Edith já tem uma filha adotiva e vai tirar uma menina negra de 9 anos das ruas. Como não oficializa a adoção, vive com medo de perdê-la. “Várias crianças vão aparecendo e a casa vira uma espécie de lar para menores”, adianta Lilia Cabral.

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