Rubens Ewald Filho é o consultor da rede Telecine

Rubens Ewald Filho é um verdadeiro devorador de filmes. Um dos críticos de cinema mais conhecidos do País e em atividade desde 1967, o santista de 58 anos já assistiu a 21 mil filmes diferentes, todos devidamente catalogados. Em março deste ano, Rubens assumiu o cargo de consultor dos cinco canais da rede Telecine, exibida pela Globosat. Ele completa, também em outubro, três anos do programa Cinema com Rubens Ewald Filho, exibido todas as quintas, às 21:30 h, no Telecine Classic. E comemora o fato de ter passado a comentar a programação de todos os canais do Telecine e não apenas os filmes que são vistos no Classic, canal especializado em clássicos. “Adorei, senão falaria só de filmes velhos”, brinca.

Com 22 livros já publicados sobre o universo do cinema, Rubens está preparando para lançar mais um guia de filmes em DVD. Por isso, está revendo muitos longas e não tem tido tempo para mais nada. “Fico em casa trabalhando porque não acho justo escrever o guia sem ter revisto os filmes”, ressalta. Autor de Éramos Seis, Rubens já foi sondado para voltar a escrever novelas, mas não aceitou. “Minha vida tomou outro rumo”, justifica.

P – Qual é a sua função como consultor do Telecine?

R – Indico filmes que acho interessante o Telecine exibir. Não tenho poder de compra e o meu trabalho como consultor vai começar a aparecer de fato a partir de dezembro. Isso porque os filmes das tevês a cabo são programados com um ano de antecedência. Um dos critérios que uso para indicar um filme são os pedidos que recebo dos espectadores. Também dou sugestões de especiais com atores e faço listas de pedidos de filmes para estúdios. Pedi para a Fox, por exemplo, os filmes em que aparece Raul Roulien, ator carioca que fez diversos longas nos Estados Unidos nos anos 30.

P – Qual a diferença para o trabalho que você fazia na TVA?

R – Lá, eu era diretor e mexia com a produção e a programação do HBO. No Telecine, não posso garantir se determinado filme vai passar. Em compensação, tenho um programa que adoro e o privilégio de viajar para os festivais e fazer matérias especiais. O problema da HBO é que o canal está pouco voltado para o Brasil. Eles não têm mais escritório no País e a sede está em Miami. Há alguns anos que todas as vinhetas são dubladas. O HBO não é mais nem sombra do que já foi, pois o estilo agora é cucaracha. Tudo é feito fora do Brasil, até as traduções.

P – Você não acha que, em geral, a tevê a cabo também tem uma cota de filmes ruins muito grande?

R – O problema é que isso é uma questão de gosto. O que é bom para um pode ser ruim para outro. No Telecine, já tem definido os gêneros por canais. O Action vai passar filme de porrada, pois é este perfil. O que vou tentar é trazer o melhor de cada gênero, como os filmes de ação da China, badalados no momento. Já o Emotion é um canal de arte e abre espaço para filmes europeus. Aliás, só no Emotion passou um dos filmes mais esperados do ano: o Intimidade, que trazia cenas de sexo explícito. O problema maior é ter pacotes diferentes para o espectador e o básico só trazer o Telecine Premium. Infelizmente, esse é o esquema da tevê a cabo que começou errado no Brasil.

P – Como você analisa os filmes que passam na tevê aberta?

R – A tevê aberta abandonou o público A e B. O único canal que investe para valer é a Globo. Mas este nivelamento por baixo é um reflexo do que a tevê aberta está vivendo como um todo, pois a programação está de muito baixo nível. Na verdade, o público gosta do que é bom, mas a maioria das emissoras só joga porcaria para o espectador.

P – E por que o Telecine não exibe filme brasileiro?

R – Às vezes, exibe. O Emotion recentemente exibiu Avassaladoras, com a Giovanna Antonelli, por exemplo. O que acontece é que o Canal Brasil criou uma espécie de gueto para os filmes nacionais na tevê a cabo do País. Sou espectador do Canal Brasil e gosto do que vejo. O problema é que ele não está no pacote básico, o que é muito ruim, pois muita gente fica sem acesso ao canal por questões financeiras.

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