Rock completa 50 anos, com várias datas especiais

No dia 5 de julho de 1954, um caminhoneiro de 19 anos começou a brincar ao microfone do Memphis Recording Service, um estúdio de gravações na 706 Union Avenue, em Memphis, Tennessee, improvisando sobre o blues That’s All Right, do cantor e guitarrista negro Billy Crudup. Seus acompanhantes no improviso eram apenas dois músicos, um guitarrista (Scotty Moore) e um baixista (Bill Black).

O dono do estúdio, Sam Philips, ouviu aquilo e custou a crer que um adolescente branco e caipira conhecesse aquela canção de Billy Crudup. A interpretação de Elvis, que reunia “autoridade vocal e uma intuitiva combustão de campo, igreja e taberna”, deixou Philips atônito. Era muito mais do que ele esperava naquela noite de segunda-feira.

Essa gravação de Elvis, há 50 anos, é tida como o marco inicial do rock, embora o próprio Elvis jamais tenha reivindicado tal feito. “Rock and roll sempre esteve por aí durante esses anos”, ele disse em uma entrevista em 1958. “Costumava ser chamado de rhythm & blues.”

Mas os americanos, que poderiam instituir como o dia do nascimento do rock uma série de datas simbólicas, escolheram aquele feito de Elvis como a data do nascimento do rock – revistas, jornais e telejornais estão comemorando desde a semana passada.

Mas o rock é uma hidra de muitas gêneses, e 30 anos depois daquele insight de Elvis, em 13 de julho de 1985, houve um negócio chamado Live Aid, festival realizado simultaneamente em estádios dos Estados Unidos e da Inglaterra. Era uma união de astros do rock, como Paul McCartney, David Bowie, Bono Vox, Eric Clapton, B.B. King, Mark Knopfler e outros, em torno de uma fabulosa ação assistencial para levantar fundos para salvar os famintos da Etiópia. Esse dia ficou convencionado como o Dia Internacional do Rock – data que se festeja hoje.

Organizado pelo inglês Bob Geldof, então vocalista da hoje obscura banda Boomtown Rats, o Live Aid de 1985 foi um esforço monstruoso de solidariedade – 16 horas contínuas de música, visto por 1,5 bilhão de pessoas no mundo todo, e arrecadou 30 milhões de libras.

Essa “reinvenção” contínua do gênero nunca cessou. Ela estava acontecendo no momento em que Jimi Hendrix gravou Electric Ladyland, em novembro de 1968; estava em pauta quando Chuck D, do Public Enemy, decretou: “O rap é a CNN da América negra.” Ampliou seu alcance quando, em 1.º de agosto de 1981, foi criada a MTV, a emissora por excelência da música pop.

Em tempo: na semana passada, segundo a “Reuters”, a canção de Elvis que deu origem a toda a febre do rock and roll voltou a ameaçar as concorrentes. That’s All Right bateu fortes concorrentes como Britney Spears e o rapper Usher e ocupou o topo das paradas da Inglaterra, 50 anos após sua gravação.

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