Roberta Sá lança álbum com Trio Madeira Brasil

Foram anos de namoro. A cantora Roberta Sá e o Trio Madeira Brasil – formado pelos músicos Marcello Gonçalves, Zé Paulo Becker e Ronaldo do Bandolim – se conheciam antes mesmo de ela lançar o primeiro CD, “Braseiro”, em 2005. Um projeto inteiro juntos nunca havia dado certo, mas a ideia ficou no ar. E foi a vontade de gravar as músicas do compositor baiano Roque Ferreira que acabou reunindo essa turma num mesmo álbum, o belo “Quando o Canto é Reza – Roberta Sá & Trio Madeira Brasil”. No repertório, só canções tiradas da obra de Roque, entre inéditas e regravações.

Admirado no meio musical, sobretudo depois de lançar o primeiro disco solo, “Tem Samba no Mar”, em 2004, Roque Ferreira não saiu do imaginário de Roberta e do trio instrumental. Um presságio do que ainda estava por vir aconteceu no álbum “Samba Novo”, de 2007, que reunia vários intérpretes cantando samba. Entre eles, estavam Roberta e o Trio Madeira Brasil. “Até 2004, eu não o conhecia. Foi Felipe Abreu, meu preparador musical, quem me apresentou o trabalho do Roque”, lembra a cantora. “Soube, então, que ele é o compositor de Água da Minha Sede, sucesso na voz de Zeca Pagodinho”.

Dois anos depois, em 2006, quando se preparava para gravar o segundo disco – “Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria” -, Roberta telefonou para Roque e fez o convite. “Ele me mandou dez músicas”, conta ela. Os primeiros flertes caminharam para um projeto dedicado totalmente à obra do compositor baiano. “A faixa Afefé foi um embrião. De lá para cá, começamos a pesquisar. Estávamos lidando com um universo bastante particular. Nunca tínhamos tocado samba de roda”, diz Marcello Gonçalves, violonista de 7 cordas do Trio Madeira Brasil. “Conversamos muito com Roque e ele sempre foi aberto”, conta.

A troca de informações entre Roberta e o trio, no Rio de Janeiro, se intensificou com o compositor baiano, em Salvador. Como todo bom letrista, Roque começou a pensar em músicas que combinassem com o timbre de voz e estilo da cantora. Segundo Marcello, no entanto, a proposta era ousar. “Queríamos um perfil mais amplo dele. Não queríamos que ele nos mandasse apenas o que achasse que ela cantaria bem. No ano passado, decidimos, então, ir para a Bahia e tirar coisas do baú”, lembra o violonista. “Eu queria pegar vários aspectos do Roque. Essa foi a diferença. Ele faz muito bem canção para a voz da cantora”, diz Roberta. “Essas músicas falam de um universo que não é meu. No caso, sou apenas a intérprete, a curadora”.

Entre as mais de 60 canções inéditas que chegaram até o quarteto, fora as já gravadas por outros artistas, selecionou-se 13 faixas, que, de acordo com Roberta Sá, foram escolhidas pensando nas que melhor funcionavam com o trio, composto ainda por bandolim, violão e viola caipira. “Escolhemos as que emocionaram a gente, tiveram melhor resultado”, declara ela. Tudo sob as bênçãos do homenageado, que já abasteceu os discos de gente como Martinho da Vila, Dudu Nobre, Clara Nunes, Elton Medeiros, Beth Carvalho, Maria Bethânia, Alcione, o já citado Zeca Pagodinho, entre tantos outros. As informações são do Jornal da Tarde.

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