“O papa ama a todos e envia um cumprimento bem brasileiro: um abraço!”. Em português fluente, logo após beijar o solo de Brasília, João Paulo II conquistava o País com seu jeito brincalhão e irresistível bom humor. Era 1980 e Karol Wojtyla realizava sua sétima viagem ao exterior a primeira ao Brasil. Até a última contagem, foram 25 milhões de quilômetros percorridos, em mais de uma centena de viagens.

Hoje, aos 83 anos, o pontífice completa 25 anos de papado. Para homenageá-lo, a revista National Geographic lança amanhã uma edição especial de colecionador dedicada ao único papa polonês que já passou pelo Vaticano. A publicação de 132 páginas, que vai custar R$ 19,95, traz detalhes de suas passagens pelo Brasil. Na primeira viagem ao maior país católico do mundo, o pontífice então com 60 anos era um homem forte. Com resistência de atleta, percorreu 12 capitais, de Fortaleza a Porto Alegre, de Salvador a Manaus, e esteve em Curitiba. Ainda peregrinou até Aparecida do Norte para abençoar a imagem da padroeira Nossa Senhora de Aparecida.

A espontaneidade, uma das suas principais características, veio à tona numa visita à capital mineira. Ele interrompeu a missa para saudar o pôr-do-sol – “Oh, que belo horizonte” exclamou. No Rio de Janeiro, durante caminhada pelo Morro do Vidigal, demonstrou desprendimento ao arrancar um anel de ouro dos dedos e doá-lo aos moradores da favela.

Na última passagem pelo Brasil, já com a saúde debilitada, seu primeiro pronunciamento criticava as desigualdades sociais no País. Recordou-se do cocar presente de um cacique xavante , e roga pelos povos indígenas: “Descendentes dos primeiros habitantes desta terra, eles merecem viver com dignidade sua cultura”. Mesmo doente, João Paulo II continuava capaz de gestos simpáticos, de grande efeito. Com um português ainda mais claro, despedia-se do Rio de Janeiro com a pérola: “Se Deus é brasileiro, o papa é carioca.”

Recheado de boas imagens, o especial traz ainda detalhes da biografia de João Paulo II. O editor da National Geographic do Brasil, Matthew Shirts, enumera algumas curiosidades: “Pouca gente sabe que o papa perdeu a mãe aos 9 anos, que estudou em escola de atores ou que trabalhou como operário numa pedreira”. E muito mais: publicou livro de poesias e que foi nomeado o mais jovem cardeal da Igreja, em 1967; fez excursões às montanhas e esquiava na Itália em suas horas de folga. Mais do que uma homenagem, o especial é um documento sobre a vida de um homem que nunca se omitiu, por mais polêmica que tenha sido sua opinião. A edição vem com uma medalhinha com a efígie de João Paulo II de brinde.

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