Reinaldo Azevedo chega a Curitiba para lançar livro

Dono de uma personalidade forte e decidida, o autor do livro O país dos petralhas, Reinaldo Azevedo, chega a Curitiba hoje para participar de um bate-papo com o público na Livrarias Curitiba do Shopping Estação.

Autor do blog de política mais influente da web, Reinaldo Azevedo é um dos mais polêmicos e conhecidos comentaristas da cena pública brasileira. Seus textos precisos e implacáveis refletem as contradições do País e falam tanto de cultura quanto política, economia e religião.

Criador da expressão petralha para designar, com fina ironia, os petistas do governo, Reinaldo é opositor ferrenho ao governo Lula e de todos aqueles que o apóiam.

“O petismo não é uma gripe. É um mal crônico.” Azevedo concedeu uma entrevista para O Estado sobre seu livro e as conseqüências da administração do presidente Lula até hoje.

Como surgiu a idéia do titulo do livro?

Reinaldo Azevedo:
O termo “petralha” é um neologismo criado a partir da fusão das palavras “petista” e “metralha”, dos Irmãos Metralhas, aqueles que estão sempre de olho na caixa forte do Tio Patinhas. Escolhi esse título pois boa parte dos textos tratam da ação dessa parcela do PT que acredita que pode transgredir as leis para realizar o projeto partidário.

Seu livro diz respeito a uma crítica ao governo petista. Como você avalia a administração de Lula até hoje?

RA: Meu livro é mais uma crítica sobre um método de fazer política. E esse método consiste em demonizar as ações dos adversários, quaisquer que sejam elas. O que o PT antes condenava no governo FHC, agora ele defende. Quer um exemplo óbvio? O superávit primário, que os petistas diziam que só servia para encher de dinheiro os cofres dos banqueiros e, quando chegou ao poder, elevou o superávit. Quanto ao governo Lula, ele tem, como qualquer governo, acertos e erros.

O petista de hoje ainda é o mesmo do inicio do governo Lula?

RA: Depende. Há petistas que estão muito mais ricos (risos). O PT não é um bloco monolítico. Há os dirigentes partidários, também divididos em correntes, há os militantes rasos, de base e o eleitorado fiel. Esses dois últimos grupos não mudaram muito. Continuam a ter uma relação com o partido que lembra uma religião ou a torcida por um time de futebol. Trata-se de uma adesão irracional. Já os dirigentes e petistas graduados se tornaram mais cínicos, agora que conhecem o caminho das pedras – ou melhor, dos cofres públicos.

O que vai acontecer quando Lula sair da Presidência? As chances de o PT voltar à liderança do País são grandes?

RA: As chances de Lula passar o bastão para um petista não são pequenas. Então, a saída de Lula não significa, necessariamente, que o PT deixará a Presidência. Pouco importa quem seja o presidente entre 2011 e 2014, creio que a economia crescerá menos. Lula tentará voltar nas eleições de 2014 com a cascata de que, no seu tempo, tudo era muito melhor. O petismo não é uma gripe. É um mal crônico.

Qual foi a repercussão de seu livro entre os petistas?

RA: O único que se pronunciou publicamente a respeito foi José Dirceu. Segundo ele, é parte de uma grande conspiração tucana para voltar ao poder. Como os petistas estão sempre conspirando, eles acham que todos fazem a mesma coisa. Trata-se, obviamente, de uma tolice. Até porque tenho enormes divergências com o PSDB, que ambiciona, freqüentemente, ocupar um espaço de esquerda na política. E eu, definitivamente, acho que o esquerdismo é um atraso político, moral, espiritual e, quem sabe?, mental.

Qual mensagem voc&,ecirc; quer passar a seu leitor com o livro O país dos petralhas?

RA:
A valorização da democracia, do individualismo, do liberalismo econômico, das liberdades públicas, da vida (já que as políticas da morte, como aborto e eutanásia, são cada vez mais influentes) e do direito à divergência e à diferença. Também pretendo que o livro seja um libelo em defesa da sociedade contra o estado gigante, arrogante, intruso – e, ao mesmo tempo, permissivo com seus burocratas. Quero que meu livro seja um tapa da cara do “coitadismo” e do “pobrismo” que tomaram conta da sociedade brasileira.

O petismo deu à luz um dos seres mais nefastos de qualquer sociedade: as vítimas triunfantes, que são aqueles setores que, dizendo-se perseguidos pelo “sistema” ou pela “burguesia”, sentem-se no direito de esbulhar as leis, a exemplo do que faz o MST. E o Paraná, em particular, sabe muito bem disso. Meu livro está aí para dizer que, numa democracia, sempre que se transgride a lei em nome da justiça, o que se consegue é praticar mais injustiça.

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