Regina Casé diz que jamais imaginou virar enredo

A ligação da apresentadora e atriz Regina Casé com o carnaval já vem de antes do berço. Nascida numa segunda-feira de carnaval, dia 25 de fevereiro de 1954, o samba e a festa estão intimamente conectados à sua vida. “Quase sempre meu aniversário cai no carnaval, desde muito pequena sempre participei da festa”, afirma a apresentadora, que neste ano foi surpreendida pela escola de samba Leandro de Itaquera, de São Paulo, que irá homenageá-la na avenida com o samba-enredo “Leandro de Itaquera faz a Festa das Periferias do Brasil para o Mundo. Salve, Salve nossa Estrela Regina Casé!”. Curiosamente, essa será a estreia da atriz no carnaval paulista. “Nunca imaginei isso. Ainda se fosse no Rio ou na Bahia, seria mais esperado. Mas até por causa disso acho que ficou mais especial. Fiquei honrada e muito emocionada”, conta.

O convite para o desfile surgiu num momento complicado para a atriz. Ela já havia decidido passar “quietinha” o carnaval por conta do acidente sofrido pelo seu marido, o diretor Estevão Ciavatta, que em novembro do ano passado foi derrubado por um cavalo e ainda passa por fisioterapia. “Eu ia ficar recolhida com ele. Quando fui procurada pela Leandro de Itaquera eu nem sabia se poderia ir desfilar, mas eles me disseram que eu seria o enredo se eu fosse ou não. Daí não tinha como não ir”, conta. A atriz não conhecia a comunidade de Itaquera, zona leste de São Paulo, local da sede da escola, antes do convite. “Quando fui conhecer a comunidade fiquei emocionada com a pesquisa deles, as fantasias sobre meus programas e filmes”, conta.

De acordo com o diretor de comunicação da Leandro de Itaquera, Emerson Nunes, Regina Casé foi escolhida como homenageada porque a escola queria falar sobre o orgulho das periferias. “Ela tem essa ligação com a periferia e com o carnaval, então é perfeito”, diz Nunes. Para a atriz e apresentadora, a junção do tema com a homenagem também foi perfeita. “Não foi uma escolha, acho que meu trabalho acabou direcionando para essa área e me sinto muito honrada de poder ser reconhecida como uma artista que dá voz à periferia”, afirma. “Acho importante que tenham me botado nessa posição de rainha da periferia, que tenham me visto como um alto-falante que reproduzia a voz deles. Hoje a periferia amadureceu, não precisa de ninguém para falar por eles. Nunca precisaram disso, sempre tiveram voz, mas às vezes faltava espaço”, aponta.

Desfile

Para o desfile desse ano, a Leandro de Itaquera tomou cuidado de criar alas sobre grandes trabalhos da atriz, como os programas de televisão “TV Pirata”, “Brasil Legal” e “Central da Periferia”, o filme “Eu, Tu, Eles” e até relembrou o grupo de teatro “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, quando seu talento foi revelado. A ligação da atriz com a escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel também não foi esquecida. “Eles vão levar a estrela da Mocidade para a avenida e vou desfilar de verde, a cor da Mocidade, mesmo a Leandro sendo vermelha e branca”, conta Regina Casé, que emenda: “Agora vai ficar uma pressãozinha para que eles retribuam a homenagem”, brinca.

Sambando na frente do carro em que a atriz será o destaque estará a filha dela, Benedita, de 18 anos. “Ela vai estar maravilhosa”, diz a mãe coruja. Amigos pessoais e a irmã Patrícia também vão prestigiar o desfile. “Eu vou ficar no carro, mas bem baixinho, quase no chão. Eu até queria sambar no chão, mas eles me disseram que não poderia por ser o destaque”, afirma.

Projetos

Regina Casé pretende retomar neste ano papéis como atriz cômica, uma das marcas de sua carreira. “Sempre tentei balancear minha carreira entre atriz, apresentadora, jornalista, antropóloga… Mas agora sinto que estou afastada dos papéis cômicos. Gosto de tratar de assuntos mais sérios, mas tenho projetos de atuar em comédia”, afirma. Segundo a atriz, está prevista uma volta ao humor já para abril deste ano, em quadros para o programa dominical de variedades “Fantástico”, da Rede Globo.