Principiante conta sempre com o vento a favor

Em havaiano, o nome Cauã significa Filho do Sol. Influência ou obra do acaso, Cauã Reymond parece ter o que se chama de boa estrela. Dos primeiros tempos como modelo às oportunidades que o levaram a virar ator, tudo na sua carreira aconteceu com relativa facilidade – sem que ele mesmo tivesse planejado. Mas nem por isso o intérprete do boa-praça Maumau de “Malhação” se acomoda.

Certo de que tem vocação artística, ele concilia as gravações do “folheteen” da Globo com aulas de interpretação teatral, ioga -“para aumentar a concentração” – e sessões de fonoaudiologia, que aprimoram a dicção. “Já melhorei bastante, mas não posso parar. Quero ser o melhor ator que eu puder e venho estudando para isso”, garante o garboso jovem de 23 anos.

Cauã deu o primeiro passo na carreira artística quando “modelava” em Nova York, em 2000. Foi indicado pela Agência Mega a fazer uma aula experimental na conceituada escola de interpretação Black Nexus Corporation. Cauã fez uma cena e caiu nas graças da veterana Susan Batson – preparadora de atores que trabalha com famosos de Hollywood, como Tom Cruise, Nicole Kidman e Juliette Binoche. Assim, ganhou uma bolsa no curso, no valor de US$ 3 mil. “Ela dizia que eu era um cara que nascia de 100 em 100 anos. Que eu era um segundo (Marlon) Brando e que, por acaso, era brasileiro. Na época, eu nem sabia quem era Marlon Brando”, confessa com um sorriso, sem qualquer pudor.

Cru e contratado

Para ganhar algum dinheiro, Cauã ainda trabalhou durante um ano e meio na escola de interpretação. “Varria chão, limpava banheiro… Tinha de ralar para me manter”, conta, orgulhoso. Em dezembro de 2001, voltou ao Brasil para passar o fim de ano com a família e matriculou-se num curso de interpretação para tevê. “Por causa da experiência em Nova York, eu me achava o tal! No curso, descobri que não era… Tudo que tinha aprendido sobre interpretação para teatro e cinema não servia para a televisão. Pelo menos até eu dominar a nova linguagem”, conta.

Mesmo “cru” para a telinha, Cauã foi aprovado logo no primeiro teste que fez na Globo, em janeiro deste ano. Resolveu, então, ficar no Brasil e participar da nova temporada de “Malhação”. No início das gravações como o Maumau, ainda sentia-se perdido. “Eram várias câmaras, marcações de cena… Não sabia direito para onde olhar e ficava tão nervoso que errava o texto. Os caras da técnica penaram comigo!”, lembra, bem-humorado – acrescentando, porém, que atualmente grava quase todas as cenas de primeira.

Com o tempo, o personagem de Cauã – eternamente apaixonado pela aprendiz de vilã Thaíssa, de Bárbara Borges – ganhou também tons de comédia, o que agradou em cheio ao ator. As cenas mais engraçadas envolvem um Chevette velho, que Maumau comprou em sociedade com Cabeção, de Sérgio Hondjakoff. O carro vive quebrando, foi apelidado de “lata-velha” pela arrogante Thaíssa, mas mesmo assim é motivo de disputa e desentendimento entre os “sócios”. “Estou descobrindo uma veia cômica que eu nem sabia que tinha. Todo ator iniciante quer fazer cenas difíceis, de choro e fortes emoções. Aí cai no ?overacting?”, explica, usando uma expressão inglesa para atuações exageradas.

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