Quase um século separa as duas obras que retratam um dos momentos mais representativos da história nacional. A celebração da primeira missa em terra firme brasileira, inspiração para os painéis de Victor Meirelles (1832-1903) e Candido Portinari (1903-1962), é tema da exposição Quando o Brasil Amanhecia, que o Museu Nacional de Belas Artes inaugura amanhã (20) em sua sede no centro do Rio. É a primeira vez que as obras são reunidas numa mesma exibição, trazendo elementos que promoverão um diálogo poético entre dois movimentos estéticos distintos.

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A ideia de aproximar as duas pinturas num mesmo espaço expositivo partiu do então presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), José do Nascimento Júnior, quando o instituto adquiriu a tela de Portinari, no fim do ano passado, por R$ 5 milhões e a transferiu para o MNBA, em janeiro. Uma equipe coordenada pelo curador Pedro Xexéo passou então a selecionar os estudos, documentos e fotos que também serão mostrados para ajudar a contextualizar as duas criações e estabelecer os traços distintivos entre elas.

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Xexéo destaca os métodos de produção artística dos dois, que guardam importantes similaridades. Egressos da mesma escola superior de arte (Academia Imperial de Belas Artes, que passou a se chamar Escola Nacional de Belas Artes), tanto Meirelles quanto Portinari possuíam um método de trabalho baseado em extensas pesquisas e numa longa preparação para chegar à ideia definitiva da pintura.

Quando esteve em Paris, no auge da pintura romântica, Meirelles fez uma série de pesquisas sobre o momento histórico que pretendia retratar. Leu a carta de Pero Vaz de Caminha, fez contato com Jean-Ferdinand Denis, brasilianista conservador da Biblioteca Santa Genoveva em Paris, e recebeu uma série de informações sobre os costumes, vestuários e armarias da época. Meirelles também esteve antes na Bahia, analisando a topografia da região, e ainda contou com a ajuda do amigo Araújo Porto Alegre, diretor da Academia Imperial. A temática indianista, muito cara aos românticos brasileiros, não poderia faltar na composição.

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QUANDO O BRASIL AMANHECIA – Museu Nacional de Belas Artes. Av. Rio Branco, 199, (21) 2219-8474. Abertura nesta sexta-feira. Até 5/6

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.