Prêmio SP de Literatura deve internacionalizar vencedores

Anunciados anteontem como vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura, Rubens Figueiredo e Marcelo Ferroni devem se juntar aos ganhadores das três edições anteriores em viagens ao exterior promovidas pelo Itamaraty. O Ministério de Relações Exteriores informou ao governo do Estado de São Paulo o interesse em incluí-los em sua estratégia de divulgação da cultura brasileira em outros países.

“O Prêmio SP é o maior prêmio do gênero em termos financeiros no espaço lusófono, com R$ 200 mil para cada vencedor, e faz parte do patrimônio nacional. A ideia é promover os autores com todas as ferramentas disponíveis”, disse o assessor especial do governador para assuntos internacionais, Rodrigo Tavares, que formulou com a Secretaria de Estado da Cultura a proposta aprovada pelo Itamaraty. A iniciativa deve valer para feiras literárias e lançamentos das obras no exterior – “Passageiro do Fim do Dia”, o romance de Rubens Figueiredo vencedor na categoria livro do ano, ainda não teve direitos comprados, mas “Método Prático da Guerrilha”, que garantiu a Marcelo Ferroni o prêmio na categoria autor estreante, foi adquirido por editoras na Espanha, na Itália, na Alemanha e em Portugal.

A quarta edição do prêmio, cuja cerimônia de entrega aconteceu anteontem à noite no Museu da Língua Portuguesa, atraiu a inscrição de 221 romances publicados ao longo de 2010 – ante 146 da primeira edição, em 2008, como lembrou o secretário de Cultura, Andrea Matarazzo. A seleção final desta edição ficou a cargo de Ignácio de Loyola Brandão, Alexandre Martins Fontes, Ruy Altenfelder, Regina Dalcastagnè e Francisco Foot Hardman.

Ao ser anunciado vencedor na categoria autor estreante, Ferroni destacou a importância da premiação para sua vida pessoal. “Terminei de escrever o livro dez dias antes de meu primeiro filho nascer, e agora recebo o prêmio dez dias antes do nascimento do segundo”, afirmou. “O prêmio chega em boa hora, dá segurança, agora, com a família maior.” Antes de “Método Prático da Guerrilha”, ficção em torno de um Che Guevara ranzinza que lhe tomou cinco anos de criação, Ferroni publicou o volume de contos “Dia dos Mortos” (Globo).

Aos 37 anos, Ferroni trabalha como editor da Alfaguara, mas preferiu, em comum acordo com o diretor da Objetiva/Alfaguara, Roberto Feith, lançar o livro pela Companhia das Letras. Também pela Companhia saiu a obra de Rubens Figueiredo, encerrando uma coincidência das três edições anteriores do prêmio do governo paulista – dos seis livros agraciados de 2008 a 2010, só o de Ronaldo Correia de Brito, Galileia, não saiu pela Record. Foi publicado pela Objetiva.

Assim como Ferroni, Rubens Figueiredo, de 55 anos, destacou que não pretende deixar de lado suas outras atribuições no meio literário – duas vezes premiado com o Jabuti, ele é também um dos mais reconhecidos tradutores do russo no País e professor da rede estadual de ensino há 26 anos. “Para falar com franqueza, só escrevo nas horas vagas”, disse. O autor usou essas horas vagas para defender no romance, sobre um homem preso num engarrafamento que começa a refletir sobre a vida, uma ideia antiga. “Muitos autores perderam a percepção da experiência concreta ao escrever, tratam como se tudo fosse apenas de linguagem. Fico feliz com o prêmio porque o livro faz parte da minha ideia de que a literatura pode também agregar um conhecimento.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os Ganhadores

Livro do Ano

“Passageiro do Fim do Dia”

Autor: Rubens Figueiredo

Editora: Companhia das Letras (200 páginas, R$ 40)

Livro do Ano – Autor Estreante

“Método Prático da Guerrilha”

Autor: Marcelo Ferroni

Editora: Companhia das Letras (232 páginas, R$ 41)

Voltar ao topo