Poucos filmes brasileiros vão bem no mercado

Sempre haverá algum crítico ou espectador para contestar a informação – no ano passado, o melhor filme brasileiro do ano deve ter feito míseros 10 mil espectadores, se tanto, e não se pode dizer que tenha sido um fracasso. Lançado em pouquíssimas salas, em horários alternativos, Sagrado Segredo, de André Luiz Oliveira, fez números decentes por cópia para alcançar a média, mesmo que baixa. Este ano tem sido de comemoração – os números do cinema brasileiro aumentaram muito, incluindo o share, a participação nacional no próprio mercado, mas é muito provável que o melhor brasileiro do ano, programado para estrear no dia 27 – São Silvestre, de Lina Chamie – encerrará 2013 fazendo menos público que o melhor de 2012.

Justamente nesta sexta-feira, dia 5, a Ancine, Agencia Nacional de Cinema, que regulamenta o cinema no País se reúne para debater a cota de tela para a produção nacional em 2014. Neste ano, dependendo do número de salas de cada complexo, os cinemas cumprem uma cota mínima entre 28 e 63 dias por sala e devem exibir de três a 14 filmes nacionais diferentes, no mínimo. O cineasta Ícaro Martins divulgou um documento que foi avalizado por Eduardo Escorel em seu blog. Há um discurso de que o cinema brasileiro se consolida, avança de vento em popa e não precisa de leis protecionistas para se impor no próprio mercado. Martins tem restrições a ele. Não é verdade – não num mercado formatado para a produção de Hollywood, agora é o repórter quem diz.

Como Martins assinala em seu documento, tanto a frequência do público quanto os números do cinema brasileiro aumentaram muito desde 2000. Mas, se é verdade que o mercado cresceu, a presença brasileira tem sido tudo, menos regular.

Este ano, nenhum filme superou a marca de 5 milhões de espectadores, embora dois tenham se aproximado bastante. E são dois bons filmes – De Pernas pro Ar 2, de Roberto Santucci, e Minha Mãe É uma Peça, de André Pellenz, com o fenômeno Paulo Gustavo. Os críticos reclamam do sucesso das comédias, como se elas não pudessem ter méritos. Uma aborda em chave crítica o papel da mulher na sociedade brasileira. A outra discute a disfuncionalidade familiar. Márcio Fraccaroli, da Paris Filmes, que distribui os dois, analisa. Sua empresa fez uma aposta na comédia e deu apoio integral aos projetos, inclusive apostando em lançamentos massivos. Agora mesmo, Crô – O Filme, de Bruno Barreto, acaba de abrir com mais de 330 mil espectadores no primeiro fim de semana. O filme deve fechar a primeira semana em 600 mil espectadores, e Fraccaroli acredita que chegará a 1,5 milhão de espectadores, bem mais que o próprio Barreto alcançou com seu longa precedente, o dramático (e poético) Flores Raras.

RETROSPECTIVA DO CINEMA BRASILEIRO – Cinesesc. Rua Augusta, 2.075, Cerqueira César, 3087-0500. De 5/12 a 2/1. R$ 2 a R$ 10 – Passaporte: R$ 100 (para 15 filmes).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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