Poucas novidades na área da teledramaturgia

O ano de 2002 não teve na teledramaturgia o seu forte. A grande vencedora da eleição “Melhores & Piores” de TV Press foi “O Clone”, que estreou no ano passado sem vencer em nenhuma categoria. A euforia pela estréia de “Esperança”, incensada como “herdeira” do megasucesso “Terra Nostra”, se converteu em decepção. A novela de Benedito Ruy Barbosa não decolou e termina o ano com um novo autor no comando, Walcyr Carrasco. Mas surpresa mesmo foi a colombiana “Betty, a Feia”, verdadeiro fenômeno “trash”. A trama conquistou a quase unanimidade como “Melhor Novela Estrangeira”.

Novela

Melhor: “O Clone”

Antes da estréia, “O Clone” parecia uma novela problemática. Abordar o universo muçulmano virou uma aposta arriscada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Mas a história de Glória Perez virou um verdadeiro fenômeno. Segunda colocada no ano passado, a novela ganhou corpo com a virada para a segunda fase, quando a trama das drogas se transformou num dos maiores trunfos da autora.

Pior:

“Marisol”

Com 36% dos votos, “Marisol” deixou em segundo lugar a “quase mexicana” “Desejos de Mulher”, trama de Euclydes Marinho que teve de perda de memória a morto que aparece vivo no final.

Novela Estrangeira

Melhor: “Betty, a Feia”

A colombiana “Betty, a Feia”, que quebra quase todos os estereótipos das típicas enlatadas latinas, foi quase unanimidade: teve 93% dos votos. Em lugar da bela mocinha sofredora, uma feiosa que ri da própria falta de sorte estética.

Pior:

“Cúmplices de um Resgate”

Escolher a pior novela estrangeira não é tarefa das mais fáceis. “Cúmplices de um Resgate” obteve a maioria dos votos numa eleição.

Atriz Revelação

Eliana Guttman

A intérprete da Tzipora, de “Esperança”, não é nenhuma novata na tevê. Ela estreou em “Xica da Silva”, da extinta Manchete, em 1996, emendou com “Mandacaru” e fez “Meu Pé de Laranja Lima”, da Band. Na Globo, fez participações em “Torre de Babel” e “Força de um Desejo”.

Ator Revelação

André Mattos

André Mattos conseguiu o que parecia impossível: não deixar o público sentir saudades do Dom João VI de Marco Nanini no filme “Carlota Joaquina , Princesa do Brasil”, de Carla Camuratti.

Ator

Melhor:

Raul Cortez

Versatilidade é a marca do veterano Raul Cortez. Em seu terceiro personagem italiano na tevê, na terceira novela seguida de Benedito Ruy Barbosa, o ator tem emocionado mais uma vez o público e conquistou 37% dos votos.

Pior:

Alexandre Frota

Como ator, Alexandre Frota é um excelente habitante da “Casa dos Artistas”. A idéia de promovê-lo do “reality-show” à principal novela do SBT rendeu à trama alguns momentos bizarros.

Atriz

Melhor: Débora Falabella

A segunda fase de “O Clone” foi de Débora Falabella. Na pele da doce e sensível Mel, a atriz trouxe à tona a temática das drogas e emocionou o público com o drama da menina rica que se rende ao vício.

Pior:

Regina Duarte

Habituada a freqüentar as listas das melhores atrizes, Regina Duarte mudou de lado este ano. A estilista Andréa Vargas, de “Desejos de Mulher”, até que começou bem. Mas perdeu completamente o rumo, juntamente com a novela.

Melhor Ator Coadjuvante: José Wilker

Na pele do homossexual Ariel, de “Desejos de Mulher”, José Wilker pôde exercitar uma de suas marcas registradas: a ironia. Pela primeira vez interpretando um gay na tevê, o ator cobriu-o de elegância e ganhou 32% dos votos de melhor ator coadjuvante.

Melhor Atriz Coadjuvante:

Cristiana Oliveira

A interesseira e invejosa Alicinha, de “O Clone”, parece ter sido feita sob medida para Cristiana Oliveira. A atriz estava tão à vontade na pele da víbora que ficava difícil até duvidar das carinhas de boa-moça, que ela sempre sabia usar nas horas certas.Autor

Melhor: Glória Perez

Nenhum outro autor conseguiu ameaçar a eleição de Glória Perez nesta categoria. O fenômeno “O Clone”, responsável por médias de audiência sempre acima dos 50 pontos, deu à autora 80% dos votos.

Pior:

Inés Rodena e Henrique Zambeli

O pífio enredo de “Marisol” garantiu a Inés Rodena e Henrique Zambeli o posto de piores autores.

Diretor

Melhor:

Jayme Monjardim

O ritmo ágil e envolvente de “O Clone” garantiu a eleição de Jayme Monjardim com 85% dos votos. O diretor conferiu à novela uma fluência essencial à complexidade dos temas abordados, como a clonagem e o mundo muçulmano, que, aliás, era retratado em tomadas que entraram para a antologia da televisão brasileira.

Pior:

Henrique Martins

O diretor Henrique Martins acabou sendo engolido pela onda dos piores prêmios de “Marisol”, com 60% dos votos.

Séries e Seriados Nacionais

Melhor: “Os Normais”

Pelo segundo ano consecutivo, “Os Normais” é eleito o melhor seriado nacional. As confusões do relacionamento “normal” de Rui e Vani vêm mantendo a média de 24 pontos de audiência, índice considerado excelente para a faixa das 23h de sexta-feira.

Pior:

Sandy e Júnior

As tramas são vazias e tudo não passa do tradicional “quem fica com quem”, a não ser uma ou outra causa que o grupo resolve abraçar.

Enlatados

Melhor:

“Arquivo X”

Uma instigante mistura de ficção, suspense e boas doses de humor, “Arquivo X” garantiu a liderança na categoria melhor enlatado.

Pior:

“Chaves”

Há mais de 10 anos no SBT, “Chaves” já deveria ter entrado para a categoria “hour concours” na eleição “Melhores & Piores” de TV Press. Ainda está para aparecer um seriado capaz de desbancá-lo na categoria pior enlatado. Este ano, “Chaves” foi eleito com 38% dos votos. O programa permanece atingindo, no entanto, médias de 10 pontos de audiência ano após ano, o que, por si só, já é um belo motivo para mantê-lo no ar. O personagem, criado e interpretado pelo mexicano Roberto Bolaños a partir dos anos 70, ainda faz enorme sucesso em toda a América Latina.

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