Um documento histórico, único e exclusivamente ideológico sobre a luta política de guerrilheiros sul-americanos. Essa é a definição do escritor catarinense radicado no Paraná Manoel de Andrade para o livro de sua autoria, Poemas para a liberdade, que será lançado nesta quarta-feira, em Curitiba. Com quarto edições no exterior, a obra chega pela primeira vez à terra de origem do autor. O lançamento acontece às 20h no Espaço Cultural Alberto Massuda, no centro de Curitiba.

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Foi publicado na primeiramente na Bolívia, depois Colômbia, Estados Unidos e Equador. O sucesso internacional do livro comprova a relevância dos relatos históricos sobre um dos períodos mais salientes da recente política de estado das nações que compõe o continente americano.

A obra literária, construída a partir de relatos vivenciados pelo próprio autor (Manoel de Andrade esteve no exílio por quatro anos), consta de vários catálogos da literatura latino-americana e seus poemas, de várias antologias, como Poesia Latino-americana – Antología Bilingüe, publicada em 1998 pela Epsilon Editores de México., em que o autor partilha suas páginas com consagrados poetas, como Mario Benedetti, Juan Gelman e Jaime Sabines.

No livro, Andrade cita os principais capítulos da luta pela democracia, como a Revolução Cubana, que para ele foi uma bandeira de luta de toda uma geração. “Nessa época, a América Latina era uma trincheira. E é nesta trincheira que meu livro foi feito”, comenta.

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Manoel de Andrade deixou o Brasil em março de 1969, perseguido pela panfletagem de seu poema “Saudação a Che Guevara”, em uma época em que sua poesia começava a ser conhecida nacionalmente por meio de jornais e publicações como a Revista Civilização Brasileira.

Exilado por opção, já que se diz perseguido pela censura, Andrade passou por 16 países das Américas do Sul, Central e do Norte. Num período de 30 anos em que ficou longe da literatura, Andrade percorreu nações em que a luta pela liberdade de expressão e pela democracia era combalida pela posição política ditatorial de grande parte dos países latinoamericanos.

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No livro, cuja capa foi inspirada em cartaz anunciando recital do autor em 1970, na Universidad de Los Andes, Bogotá, Andrade reúne também artigos publicados sobre as questões políticas e que geraram polêmica na época.

Poemas para a liberdade estreou em 1970, na Bolívia. A segunda edição, colombiana, esgotou-se em poucas semanas nas livrarias de Cali e Bogotá. Já a terceira edição, lançada em San Diego, em 1971, espalhou-se pela Califórnia e pelo sudoeste dos EUA, levada pelos estudantes e intelectuais. Suas primeiras edições panfletárias, lançadas em 1970 em Cuzco e Arequipa, espalharam-se pelo meio estudantil do Peru e percorreram a América nas mochilas de estudantes latino-americanos. Seus poemas foram publicados em jornais, revistas, opúsculos, cartazes e panfletos.

Manoel de Andrade fugiu do Brasil em março de 1969, pela repercussão da panfletagem de seus poemas políticos. No mesmo ano integrou o movimento guerrilheiro comandado por Inti Peredo. Depois foi preso e expulso do Peru e da Colômbia em 1970, seus Poemas para la Libertad tiveram uma trajetória política e uma aventura literária que dificilmente outro livro tenha tido.

Como falam da luta armada e cantam a saga guerrilheira em uma América Latina então controlada por ditaduras militares, cruzaram clandestinamente certas fronteiras, como uma mala com 200 exemplares da edição boliviana, que chegou a Guayaquil por via fluvial, trazida do Peru por contrabandistas equatorianos.

Em 1972 retor,nou anonimamente ao Brasil. Afastado 30 anos da literatura, participou, em 2002, da coletânea paranaense Próximas palavras. Voltou a publicar em 2007, com o lançamento de seu livro de Cantares, publicado pela Escrituras Editora.

Serviço

Lançamento do livro Poemas para a liberdade, de Manoel de Andrade.
Nesta quarta-feira, às 20h, no Espaço Cultural Alberto Massuda (Rua Trajano Reis, 443 – São Francisco).