Pixinguinha também é pop

“O século XX foi apenas o primeiro da consagração de Pixinguinha. Ele crescerá mais ainda nos séculos que virão”, profetizou certa feita Sérgio Cabral. E a previsão se confirma com a versão pop eletrônica do gênio do choro, num bem elaborado trabalho de Henrique Cazes, do tecladista e arranjador Fernando Moura e do percussionista Beto Cazes.

EletroPixinguinha (Rob Digital), observa Henrique Cazes, produtor e multiinstrumentista, recria as experiências de Pixinguinha usando um arsenal de recursos eletrônicos (teclados, cavaquinho midi, percussão eletrônica, samplers) e acústicos. Cabe ressaltar que quando se fala em sampler aqui, isso inclui material retirado de gravações dos anos 30 e 40, além de sons gravados especialmente para serem reprocessados e sampleados.

O repertório para tão original experiência é fruto das pesquisas de Henrique Cazes a partir da constatação de que nos últimos anos da década de 20 e nos primeiros da de 30, Pixinguinha estava criando um som de orquestra típica brasileira. A mistura continha maxixe, choro, samba e música afro-brasileira; combinados com o toque genial do mestre e a intenção da dança. Pelos mais variados motivos, inclusive a ascensão do samba como gênero nacional, essa parcela da obra de Pixinguinha ficou praticamente esquecida.

Assim, o CD traz músicas geniais que nunca haviam sido regravadas, como Dança dos ursos, Conversa de crioulo, Levanta meu nego e Já andei. Tem ainda recriações de sucessos cantados de Pixinguinha como Patrão prenda seu gado e Já te digo, com as participações vocais de Pedro Miranda e Teresa Cristina, dois grandes talentos da novíssima geração do samba. A Orquestra Pixinguinha, dirigida por Henrique Cazes, comparece em remix de Yaô.

E, por fim, o CD teve um intrincado artesanato de estúdio e enorme capricho de mixagem e masterização, até atingir o tão sonhado resultado.

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