Paulo Coelho eleito à cadeira de imortal

Rio

(Das agências) – O escritor Paulo Coelho derrotou o sociólogo Hélio Jaguaribe e garantiu hoje uma vaga de imortal da Academia Brasileira de Letras. Autor de Diário de um Mago e outras obras, Coelho vai ocupar a cadeira de número 21, que pertencia ao economista Roberto Campos, morto em outubro do ano passado. Foram 22 acadêmicos a favor do autor de Brida contra quinze imortais apoiando Jaguaribe. Um voto foi anulado.

Paulo Coelho foi eleito às 16h40 de ontem – dia de São Tiago de Compostela. Não foi surpresa, mas também não foi fácil. Em 21 de março, quando concorreu pela primeira vez, aconteceram quatro rodadas de votação seguidas e não houve vencedor, isto é, ninguém chegou aos 19 votos necessários (ou seja, metade mais um dos 37 membros da ABL).

Desta vez, até imortais que são presença raríssima nas reuniões da Academia Brasileira de Letras, compareceram, como o cirurgião plástico Ivo Pitangui, compareceram. Aliás, até acadêmicos que já haviam votado por carta, que não precisariam estar presentes, compareceram. A eleição poderia ter ocorrido com a presença de apenas oito membros no local, mas o quórum foi de 22. Como é tradicional, os acadêmicos se dirigiram ontem mesmo à casa do novo confrade, para lhe dar as boas vindas.

Mas a campanha não foi assim tão amistosa: fenômeno de vendas, o mago era visto por muitos como estando aquém da qualidade literária esperada. Em entrevistas com acadêmicos às vésperas da eleição, percebia-se que a Academia vivia um dilema: se fechasse as portas para Paulo Coelho, corria o risco de soar como preconceito diante de uma obra popular; se o elegesse, arriscava-se a qualidade e a tradição da casa.

Apesar de ser criticado por muitos, Coelho é respeitado no exterior pela vendagem de seus livros. Só O Alquimista vendeu mais de 11 milhões de exemplares. Seu trabalho foi traduzido para 56 línguas e está presente em 150 países. Além de Diário de um Mago, de 1987, Paulo Coelho também escreveu O Alquimista (1988), Brida (1990), As Valkírias (1992), Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei (1994), O Monte Cinco (1996), Manual do Guerreiro da Luz (1996), Veronika Decide Morrer, O Demônio e a Srta. Prym e Histórias Para Pais, Filhos e Netos. Em entrevista concedida ontem ele disse que “esse título me dignifica muito e é muito importante na minha vida. Sei que vou aprender muito”, comemorou. “Meu compromisso agora é fazer com que a ABL seja respeitada no exterior”, finalizou. Paulo Coelho é colunista de O Estado do Paraná, escreve aos domingos no suplemento Almanaque.

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