Parece continuação, mas não é

A Globo estréia no dia 17 de junho a novela “Esperança” com um objetivo principal nada modesto: manter a excepcional média de 60 pontos conquistada por “O Clone” Ao contrário da produção de Glória Perez, que era dúvida na emissora em relação ao Ibope devido aos controversos e ousados temas – clonagem, mundo muçulmano e drogas -, “Esperança” é uma aposta otimista da Globo.

Além de reunir um elenco teoricamente mais forte que a novela anterior, com direito aos renomados veteranos Raul Cortez, Eva Wilma e Antônio Fagundes, além de jovens estrelas, como Reynaldo Gianecchini, Ana Paula Arósio e Maria Fernanda Cândido, “Esperança” é assinada por Benedito Ruy Barbosa.

O autor é um dos mais prestigiados na emissora. “É a primeira vez que estréio uma novela herdando ibope alto e sem concorrentes fortes. Em ‘O Rei do Gado’, o Ratinho dava 30 pontos”, ressalta Benedito.

Incensado tanto por Benedito quanto pela maioria dos atores doelenco, o diretor Luiz Fernando Carvalho retribui prometendo ser o mais fiel possível ao texto do autor de “Esperança”. A novela começa no ano de 1931, quando o protagonista Toni, vivido por Reynaldo Gianecchini, decide deixar a pequena cidade de Civita, na Itália, para tentar a sorte no desconhecido, mas promissor, Brasil. Ele deixa a namorada Maria, papel de Priscila Fantin, na terra natal e vai parar em São Paulo. Logo conhece Camilli, interpretada por Ana Paula Arósio, e está formado o triângulo amoroso da novela. “É o personagem mais rico que ganhei. Espero dar conta do recado”, comemora Reynaldo. Apesar de repetir a dobradinha Raul Cortez e Antônio Fagundes como rivais na trama, assim como em “O Rei do Gado” e “Terra Nostra”, parece ter havido um cuidado para não repetir as nacionalidades de duas atrizes que se destacaram em “Terra Nostra” como as italianas Paola e Giuliana: Maria Fernanda Cândido e Ana Paula Arósio. Em “Esperança”, a primeira é uma operária brasileira e a segunda uma judia. “Achei ótimo mudar de nacionalidade, pois evita comparações”, afirma Ana Paula.

Parece mas não é

Mas antes mesmo da estréia, até a turma do “Casseta & Planeta, Urgente!” já fazia piada por “Esperança” ser uma espécie de continuação de “Terra Nostra”: “Semelhança, a novela que parece mas não é”, debocharam os “cassetas”. Na verdade, inicialmente a nova produção de Benedito seria mesmo a seqüência de “Terra Nostra”, mas o autor mudou de idéia quando a Globo colocou no ar “Aquarela do Brasil”, minissérie que se passava durante a Segunda Guerra Mundial. Como a trama de “Terra Nostra 2” iria se desenrolar na mesma época, Benedito não só abandonou a idéia da continuação como resolveu mudar de parceiro na direção. Chamou Luiz Fernando, com quem havia feito “Renascer” e “O Rei do Gado”, e dispensou Jayme Monjardim, que apesar da parceria de sucesso em “Pantanal” e “Terra Nostra”, desagradou o autor por ter dirigido “Aquarela” e interferir na trama mais do que o desejado. Durante a coletiva, inclusive, alguns comentários pareciam ter endereço certo. “O que salvou ‘O Clone’ foi a abordagem sobre drogas”, desdenhou Benedito. “Não sou diretor de usar efeitos para mudar a cor do céu. A mágica está na interpretação dos atores e no texto”, cutucou Luiz Fernando, ciente que Jayme utiliza muitos efeitos.

Um fator que diferencia “Esperança” é que Benedito vai contar a história de emigrantes de várias nações e não só dos italianos. O autor criou personagens espanhóis e judeus, que terão seus núcleos. Também vai haver um prostíbulo com “moças” francesas e uma república com estudantes de vários locais do Brasil, incluindo o Nordeste. Com isso, Benedito areja a trama e poderá explorar outros costumes para não ter uma “overdose” de italianos na nova produção. “Vejo esta novela como uma colcha de retalhos cultural”, compara Eva Wilma. Como é tradição em suas histórias, o autor também vai incluir a disputa por terras em “Esperança” através da rixa entre a brasileira Francisca, papel de Lúcia Veríssimo, e o italiano Vincenzo, vivido por Othon Bastos. “É uma tradição do Benedito. Não poderia faltar em ‘Esperança'”, lembra a atriz.

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