Paixão e decepção marcam 1º show de Amy

“Nem dá vontade de pedir para ela voltar.” A frase dita por uma fã depois do final anticlimático do show de Amy Winehouse, já na madrugada de ontem em Florianópolis, dá bem a medida do misto de paixão e decepção que marcou a estreia da cantora britânica em palcos brasileiros. Sorridente, animada e com a voz em boa forma, Amy foi recebida com uma euforia impressionante pelo público. Cerca de 10 mil pessoas lotaram a pista e os camarotes do Stage Music Park – Pachá.

Trajando vestido cor de salmão com busto branco, Amy já entra em cena cuspindo os restos de uma goma de mascar no fosso entre o palco e a plateia. Acompanhada de 9 músicos, todos vestidos de branco, ela provoca a primeira explosão de histeria coletiva com o reggae “Just Friends”, logo depois da introdução da ótima banda – com breve versão de “Shimmy Shimmy Ko Ko Bop”, lançada nos anos 1950 por Little Anthony and The Imperials. Depois vêm “Back to Black” e “Tears Dry on Their Own”, em arranjos bem parecidos com os originais do álbum “Back to Black”.

A cada canção o público reage euforicamente, cantando junto com ela e gritando seu nome repetidas vezes. A quarta canção com ela é uma das melhores do show, “Boulevard of Broken Dreams”, um misto de mariachi, bolero e tango, em que Amy solta o vozeirão que parecia meio oscilante no início. A partir da quinta canção começa a parte chata e o show cai numa monotonia que parece irrecuperável. Amy sai da boca de cena para conversar diversas vezes com o vocalista Zalon Thompson e o baixista Dale Davis, como se estivessem num ensaio, decidindo qual seria a próxima canção.

A quebra de ritmo se agrava com a sequência interminável de baladas menos (ou nada) conhecidas, que começa a incomodar boa parte da plateia. Em algumas Amy parece estar no piloto automático. Quando nada poderia parecer mais frio, ela sai de cena, deixa a banda tocar sozinha, depois pede a Zalon Thompson assumir o centro do palco. Ele canta duas baladas sozinho, ela apenas dança em uma e fica sentada ao lado da bateria, ainda calada, em outra.

Enrolação – A fã que achou que não valia a pena pedir bis no final, começa a se manifestar para a amiga ao lado: “Acho que ela está enrolando a gente.” E como estava. Mas Amy volta a empolgar com “Rehab” (ainda que no piloto automático) e quebra de novo o ritmo ao fazer a apresentação da banda, com cada um solando em um longo número instrumental de jazz-fusion.

Em seguida, vêm “You Know I’m no Good” (displicente) e “Me and Mr. Jones”, e a euforia volta a tomar conta da plateia. É quando ela sai do palco mais uma vez sem mais nem menos e, para perplexidade geral, Thompson grita “thank you, Floripa”, dando por encerrada a apresentação.

Gritos, aplausos, assobios, protestos e até vaia se misturam. Ninguém sabe o que virá. Um técnico afina o baixo, sai do palco. Momentos de tensão. Então Amy volta e arrasa no cover do ska “I’m Wondering Now”, do grupo britânico Specials. Mas aí já é tarde demais para ela se reabilitar e, então, anuncia a última canção, “Valerie”, que provoca nova onda de histeria e a maioria dos fãs canta junto com ela e vai para casa com a ilusão de ter visto um grande show. Hoje e amanhã Amy se apresenta no Rio e quinta vai para Recife. No sábado encerra a turnê em São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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