Os capixabas do congo-rock

Nascido há três anos na pacata Barra do Jacu, litoral do Espírito Santo, o grupo Casaca veste-se de Chico Science ao misturar o ritmo da terra com o pop e lança, agora pela Sony Music, seu segundo disco. No caso, a sonoridade regional é o congo, trazido para o Brasil pelos africanos.

Como o maracatu, o samba, o baião e o frevo, o congo se tornou um ritmo regional, mas é extremamente brasileiro. E faz todo mundo dançar: capixaba, carioca, paulista, baiano, gaúcho ou paraense. Com tambores, caixa e – claro – a casaca, no lugar da bateria, o som da banda é bem percussivo. A guitarra “a la reggae” e ao mesmo tempo roqueira, o baixo e os teclados completam a fusão do congo com o pop e o reggae, tornando o resultado da mistura ainda mais interessante.

Bem, casaca é um instrumento de percussão muito conhecido no Espírito Santo. É o famoso reco-reco, acrescido de cabeça e pescoço, simulando o corpo de uma pessoa. Diz a lenda que os escravos, para as sessões musicais nas raras horas de descanso, faziam casacas com os rostos dos senhores de engenho. Uma espécie de vingança com seus patrões, já que a casaca é tocada com firmeza e uma certa dose de agressividade, segurada pelo pescoço, “esfolando” a suposta barriga. Antigamente o tal “reco-reco com cabeça” era coberto por um casaco. Foi então que o instrumento passou a se chamar casaca.

Formado por Renato Casanova (vocais), Jura Fernandes (guitarras, violões de aço e de 12 cordas), Thiago Grillo (tambor), Flavinho (tambor de repique), Jean (tambor de condução), Vinícius Gaudio (casaca), Periquito (casaca e caixa), Augusto Gauvelas (teclados) e Marcinho (baixo), o Casaca vem se fortalecendo e é uma das grandes surpresas do momento, trazendo um ar renovado para o cenário musical brasileiro. Uma prova são as doze faixas do CD, produzido por Paulo Rafael, que leva sua guitarra na música Alagados, do Paralamas. Como convidados também participam os músicos Lui Coimbra (rabeca), Márcio Lomiranda (programações e teclados) e o baixista Maurício de Oliveira.

Voltar ao topo