ONU anuncia criação de fórum de cultura mundial

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a Organização das Nações Unidas anunciaram ontem, em Genebra, a criação de um fórum internacional para estabelecer estratégias para que os países emergentes fortaleçam suas “indústrias criativas” e usem as exportações de bens culturais para incrementar os projetos de desenvolvimento. O fórum terá sede no Brasil e a primeira reunião está marcada para janeiro, em Salvador.

As “indústrias criativas” incluem os setores de música, fotografia, artes comerciais, cinema e várias outras áreas que já representam 7% do PIB mundial. A iniciativa tem o apoio da Conferência da ONU para o Desenvolvimento (Unctad) e de seu secretário-geral, o embaixador brasileiro Rubens Ricupero. A previsão é de que o setor vai crescer em todas as regiões e representará 10% do PIB mundial nos próximos anos.

Já os países emergentes, apesar de todo o talento de seus artistas, não conseguem potencializar a cultura para gerar renda e empregos. Histórias de sucesso são poucas. Uma delas é a de Bollywood, a indústria de cinema da Índia e que deverá dobrar de tamanho entre hoje e 2008, passando a movimentar US$ 9,4 bilhões.

Ricupero observa que em programas de TV o Brasil exporta US$ 200 milhões por ano, o que representa 30 mil horas de programação. Já direitos autorais geraram US$ 5,3 bilhões em 1998 e contribuíram para 6,7% do PIB, empregando 5% dos trabalhadores.

Com a criação do fórum, portanto, o objetivo é ajudar os países em desenvolvimento a recolher maiores benefícios de suas manifestações artísticas. “A excelência em expressão artística e a abundância de talento não são privilégios dos países ricos”, afirmou Ricupero. A entidade, que inicialmente será financiada pelo governo brasileiro e pela ONU, ainda promoverá a maior transparência do mercado, incentivará o compartilhamento de políticas de apoio e estabelecerá estratégias de capacitação técnica.

Uma das metas do fórum ainda é identificar barreiras ao comércio e ao financiamento de atividades culturais. Gil admite que o Brasil quer uma flexibilização nas regras internacionais para o comércio desses bens, mas não apóia uma total liberalização. “O que queremos é que haja uma flexibilização para ter espaço para exportar.”

Hoje, várias entidades já participaram do primeiro encontro com Gil, em Genebra, na sede da ONU. O próximo passo será um encontro entre especialistas também na Suíça, preparando o terreno para a primeira grande reunião do fórum, em janeiro, em Salvador, com a presença da ONU, de governos e de representantes da indústria.

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