Olavo Bilac e os segredos da aviação

Em plena Belle Époque carioca, o poeta parnasiano Olavo Bilac se destaca como freguês assíduo da confeitaria Colombo. Bem ao seu gosto instalava-se próximo à porta para observar e ser observado. Notadamente pelas mulheres que todas dele queriam ouvir: “Ora (direis) ouvir estrelas!”. Era o máximo. Entre aplausos e suspiros solicitavam algo que consideravam inusitado, ou seja, que o poeta recitasse uma das suas preciosidades.

Neste tumultuado cenário forma-se o livro de Ruy Castro, Bilac vê Estrelas, da Editora Companhia das Letras. Construído de forma bastante agradável o Romance leva o leitor a caminhar e conhecer as ruas do Rio de Janeiro do início do século.

A história envolvendo o poeta parnasiano vai de encontro aos temas de espionagem. De repente, Bilac se vê na pele de herói quando tenta ajudar José do Patrocínio, seu amigo, mentor e ex-patrão. Foi por causa desta amizade com José do Patrocínio que Bilac ficou com a fama de ter provocado o primeiro acidente de automóvel no Brasil, isto é, ele bateu o carro do amigo e disso saiu ileso, ou seja, sem ser repreendido pelas autoridades.

Bastante curioso no Romance é a participação de Santos Dumont nesta aventura. Os planos aeronáuticos do inventor correm perigo e Bilac se encontra com Dumont em Paris. Tudo está por acontecer. Os ambiciosos Deschamps e Valcroze, planejam roubar os planos de Dumont e de José do Patrocínio, que aqui mostra o seu lado mais voltado para as ciências.

Como não podia deixar de ser, quando Bilac volta de Paris, dá uma passadinha em Lisboa para visitar o monumento a Eça de Queiroz, o grande inspirador, insubstituível, etc…etc…

O Romance surpreende quando coloca a história oficial de pernas para o ar, valorizando a criatividade e o humor, pois Ruy Castro mostra seu lado mais fluente e imaginativo quando cria situações pra lá de hilárias.

“Bilac Vê Estrelas”, é um dos livros da coleção “Literatura ou Morte” da Companhia das Letras, da qual fazem parte, além deste, de mais sete livros com temas que envolvem escritores; como Borges, Kafka, Moliére, Sade, Stevenson, Rimbaud e Hemingway. Todos com características singulares evidenciando assim, os caminhos inimagináveis do Romance Histórico Contemporâneo.

Livro:

Bilac Vê Estrelas

Autor: Ruy Castro

Editora Companhia das Letras

Maria Helena de Moura Arias

é graduada em jornalismo e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual de Londrina.

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