O vampirão fica bonzinho

A desistência de Bóris em conquistar Lívia, personagens de Tarcísio Meira e Flávia Alessandra, dá a dimensão das mudanças de “O Beijo do Vampiro”. Afinal, conquistar a mocinha era o sonho do “vampirão” há 900 anos e o fim da luta de Bóris pelo seu antigo amor mostra que algo não vai bem na novela. Alguma alteração na rota da trama já era esperada, com a saída anunciada de Cláudia Raia, que fazia a vampira Mina. Mas já que tinha mesmo de encontrar uma nova companheira para o vampiro-mor, o autor Antônio Calmon resolveu radicalizar.

Até para ver se o interesse sobre a novela alçava vôo, já que a trama acaba de “ganhar” um mês a mais de duração só acaba em abril. E ao escolher a vilã Marta, vivida por Júlia Lemmertz, para ser o novo par de Bóris, o autor pode até ter atirado no que viu e acertado no que não viu. A personagem faz muito bem o estilo “sanguessuga” e é capaz até de polarizar o ódio do público que não estava gostando de ser obrigado a odiar o personagem de Tarcísio Meira.

Para aliviar ainda mais as atormentadas fãs do grande galã da tevê brasileira, Calmon decidiu tornar Bóris mais ameno e entregar o papel de representante do Mal na história a um velho conhecido: Ney Latorraca vai aparece em “O Beijo do Vampiro” assumindo a função de ser o vilãozão da história, como há 10 anos, em “Vamp”. Só que em vez de reassumir o papel de Vlad, ele pode ser apenas uma reencarnação, batizado com o clássico nome de Nosferatu. Ney sairia diretamente das cenas de “A Casa das Sete Mulheres” , em que faz o imperialista Araújo Ribeiro, para encher a novela das sete de humor e dar novo rumo à trama.

Outro reforço no sentido de criar espaço para que Bóris amanse o seu jeito rude de ser é a volta do Conde Drácula, papel de Dênis Carvalho. Mas ao tirar de Tarcísio Meira o papel de grande malfeitor embora este pareça ser o desejo do público Calmon pode estar esvaziando a função do protagonista, até agora, da trama. Afinal, Ney Latorraca não faz o gênero discreto e sua entrada na novela pode, inclusive, tirar um pouco do brilho de Tarcísio Meira. Difícil bater de frente com a interpretação “sui-generis” de Ney em “Vamp”.

Voz do Ibope

A idéia inicial de Antonio Calmon era fazer uma novela que não fosse vista como uma continuação de “Vamp”. Ele queria histórias e personagens diferentes e, por isso, o diretor geral da novela, Marcos Paulo, decidiu chamar atores que não haviam trabalhado na primeira trama. Acontece que o Ibope falou mais alto e parece que está sendo necessário recorrer a formulas antigas.

Nem a idéia de colocar como rivais o casal 20 Tarcísio e Glória rendeu tanto assim. Ainda que Glória esteja indo bem além do que a personagem mostrou no início da novela. A “bruxinha do bem” deu a chance para Glória assumir um novo perfil., de mulher da terceira idade. Ela é bem convincente com os cabelos brancos e o jeito meigo de lidar com a filha, os netos e todo o mal que cerca a cidade de Maramores. Talvez Zoroastra tenha sido a tentativa que deu certo em “O Beijo do Vampiro” e o início de um novo perfil para os futuros trabalhos de Glória.

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