O SBT com a bola cheia

A julgar pela confusão que tem marcado as negociações dos campeonatos de 2003, o ano promete dar o que falar sobre futebol. Longe das transmissões esportivas desde a Copa da França, em 1998, o SBT deixou a Globo para trás e adquiriu os direitos do Campeonato Paulista, que começa no dia 25 de janeiro. Já a emissora de Roberto Marinho, que recorreu à Justiça na tentativa de anular o contrato entre a emissora de Sílvio Santos e a Federação Paulista de Futebol, ainda não sabe o destino dos campeonatos regionais, nos quais investiu no ano passado. Tudo porque a Confederação Brasileira de Futebol não quer reconhecer os campeonatos organizados pelas Ligas Regionais.

No SBT, o clima é de grande estréia. Mesmo enquanto a Globo ainda lutava pela preferência na compra dos direitos do Paulista, a emissora já montava sua equipe. Os oito profissionais contratados já entraram em campo na transmissão do Campeonato Sul-Americano de Seleções Sub-20, que teve início no último dia 4, sábado. A partida entre Brasil e Peru, transmitida a partir das 18 h, obteve média de 14 pontos de audiência. Para o apresentador Elia Júnior, uma marca bastante promissora. “O SBT é uma emissora que já tem um bom patamar de audiência. Elevar este patamar é difícil, mas, para uma estréia, foram números excelentes”, avalia Elia. Ao lado dele trabalharam os narradores Dirceu Maravilha e Paulo Andrade, os comentaristas Léo Jaime, Mariah Morais e Zetti e os repórteres Elias Awad e Simone Vinhas.

Bom para o torcedor

Para as transmissões do Paulista, a emissora abriu um considerável espaço em sua grade de programação. Os jogos vão ao ar às quartas-feiras, às 21 h, aos sábados, às 16 h e às 18 h, e aos domingos, às 11 h. A flexibilidade nos horários foi, para Elias Awad, um dos maiores ganhos do telespectador com a entrada da emissora na cobertura do futebol. “O SBT é uma emissora que, apesar de grande, ainda tem condições de mexer na grade. Os horários ficaram muito mais acessíveis para o espectador”, comenta o repórter. O fato, aliás, foi um dos argumentos do SBT na guerra com a Globo. “O exercício deste direito significa a aceitação integral de todas as condições constantes do contrato assinado pelo SBT, inclusive a obrigatoriedade de transmitir todos os jogos nos dias e horários estabelecidos”, afirmava um comunicado da emissora, no auge da disputa pelos direitos de compra do Campeonato. Por R$ 12 milhões, a Federação Paulista de Futebol ofereceu ao SBT a transmissão de 22 jogos do Campeonato, 10 a mais do que havia sido oferecido à Globo pelo mesmo preço.

Longe da disputa, os profissionais contratados comemoram a abertura de mais um espaço dedicado ao esporte. “Sempre se comentou nos bastidores que era uma pena uma emissora com a estrutura do SBT não ter o esporte entre suas prioridades”, revela Elias, que já passou pela Band e pelo canal pago SporTV. Já vestindo a camisa do SBT, ele lembra a importância do papel da equipe no futuro do espaço dedicado ao esporte na emissora. “Cada um de nós tem a responsabilidade de fazer um bom trabalho e convencer a emissora de que o esporte pode render boas audiências”, convoca o animado repórter. Enquanto isso, Elia Júnior derrama-se em elogios à equipe, montada pelo coordenador de esportes do SBT, Cacá Martins. “O Dirceu tem um estilo popular, bastante diferente do que existe no mercado. Já o Zetti me surpreendeu como comentarista. Ao contrário de outros jogadores, é articulado e não tropeça no Português”, alfineta, aos risos.

Ao contrário do clima festivo da concorrente, na Globo o tom é dado pela expectativa. O que se sabe é que o Campeonato Carioca começa no próximo dia 19 e que a Libertadores da América tem início em 5 de fevereiro. Enquanto aguarda a decisão final quanto à realização dos campeonatos regionais, a emissora espera também a definição das regras do Campeonato Brasileiro, que começa em março mas ainda não tem o sistema de pontuação fechado.

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