O sagrado e o profano

Três peças do coreógrafo israelense Ohad Naharin e uma do argentino Oscar Araiz serão apresentadas pelo Balé da Cidade de São Paulo em espetáculo único em Curitiba, segunda-feira, às 21h, no Teatro Guaíra. Depois da bem-sucedida temporada em comemoração aos 35 anos de atividades na capital paulista, o grupo traz a Curitiba coreografias que são um marco na história da companhia.

O programa inclui Salmos, do argentino Oscar Araiz, Queens/Black Milk e Perpetuum, do israelense Ohad Naharin. A exuberância desta última coreografia, que fecha a noite, levou o público paulistano ao delírio em julho último. Foram mais de mil pessoas por apresentação, no Theatro Municipal de São Paulo, do qual o balé é um dos corpos estáveis.

Na última temporada em São Paulo, de 19 a 22 de setembro, o balé lançou um livro homônimo comemorativo, com texto principal da jornalista Norma Couri (Formarte Editora), contando a trajetória desta que é uma das mais sólidas companhias brasileiras, mesmo sendo pública.

Salmos, a abertura, foi criada exclusivamente para o Balé da Cidade em 1992, com base na sinfonia homônima de Stravinsky. São seis homens e seis mulheres em cena, exaltando a espiritualidade humana numa atmosfera sacra de elevação da alma. “A música leva a esse clima”, ressalta a diretora Mônica Mion. Vale lembrar que Oscar Araiz nome fundamental na transformação da dança brasileira e especialmente desta companhia de clássica para contemporânea esteve em São Paulo ensaiando e repaginando a obra.

Queens of Golub foi montada originalmente para o Nederlands Dance Theatre, em 1989. São oito mulheres em solos. Black Milk traz cinco homens em cena, mas foi criada originalmente para mulheres. “Em Tel Aviv, os homens pediram para dançá-la. Gosto mais de mulheres em cena, mas não tenho grandes questões sobre gêneros”, diz Ohad Naharin. No Brasil, as peças foram condensadas. “Juntamos as duas coreografias em uma, e o resultado é surpreendente”, acrescenta o coreógrafo.

Valsa punk

Perpetuum foi criada originalmente para o Ballet du Grand Théâtre de Géneve, em 1992. É uma exuberante e debochada criação de Naharin, que pode ser chamada de “valsa punk” por misturar figurinos que são um show à parte à música de Johann Strauss Filho. Com um cenário supreendente, muito movimento, truques e momentos apoteóticos raramente vistos em espetáculos de dança montados no Brasil, Perpetuum versa sobre a nobreza decadente européia. Mas, como todas as peças escolhidas para compor este espetáculo, é atemporal e vigorosa.

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Segunda, às 21h, no Guairão. Ingressos a 10 e 15 reais. Informações pelo telefone (41) 322-2628.

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