O retorno do mago teen

São Paulo – Tudo estava planejado para amanhã, às 10h. Filas, alguma confusão, talvez gritaria, fotos. Mas desde quarta, Harry Potter e a Ordem da Fênix, o quinto volume da história criada pela escocesa J.K. Rowling, já estava sendo vendido ontem em bancas e livrarias do País – os preços, em geral, ficavam em torno de R$ 59 a R$ 61. Pode ser que alguns leitores deixem para amanhã, que os livreiros, donos de banca e editora cheguem a um acordo e deixem de vendê-lo hoje – mas, a essa altura, a maioria dos fanáticos pelas aventuras do garoto (que ainda não leu a versão em inglês, lançada em junho) não está lendo esta reportagem, está lendo o livro.

No novo livro, aliás, Harry já não é só um garoto. Tem 15 anos e enfrenta dramas típicos da idade. Fica mal-humorado, irrita-se com a imprensa, se apaixona – e vê um dos personagens centrais da obra morrer. E, dessa vez, não conta com a proteção de Dumbledore – o diretor da escola de magia é afastado de Hogwarts.

As 704 páginas da edição em português foram reproduzidas 300 mil vezes. “Para livraria, ou seja, tirando os didáticos, acho que essa é a maior tiragem já feita no Brasil”, afirma Paulo Rocco, editor da obra. Quanto foi gasto em marketing? Isso ele não diz, só fala que foi “muito, muito”.

Além do sítio próprio na internet (www.harrypotter.rocco.com.br), com contagem regressiva errada (provavelmente, esqueceram do horário de verão – pelo endereço oficial da obra, ela seria lançada às 11h de sábado), a Rocco espalhou totens e Potters pelas livrarias, fez banners, folders, bonés, camisetas, propagandas em ônibus. Segundo Rocco, até agora já foram vendidos para os pontos de venda mais de 270 mil exemplares, e ele acreditava que hoje a edição já estaria esgotada. A edição em inglês já fora um sucesso no Brasil, liderando as vendas das principais livrarias por semanas.

Problemas

A negociação da venda da editora para as distribuidoras e livrarias não foi tranqüila. Harry Potter e a Ordem da Fênix não teve o preço final definido pelo editor, como costuma ocorrer com a quase totalidade dos livros no País. A partir desse preço, o editor oferece descontos que ficam, em geral, entre 40% (para livrarias) e 50% (para distribuidores). Rocco sugeriu (mas não definiu) o preço final de R$ 59,50, e estabeleceu que venderia os exemplares por R$ 39,50. Ou seja, quem respeitar a sugestão terá um desconto de 33%. A Associação Nacional de Livrarias enviou uma carta se queixando à editora – a política, acredita o presidente da ANL, Jair Canizela, prejudica as pequenas livrarias. Se distribuidoras e livrarias aplicassem a “multiplicação” por dois do preço da editora, o livro sairia por R$ 79 – preço normal de um livro de 3 mil exemplares de tiragem, um centésimo do Harry Potter. Rocco diz que, nesse caso, não faz sentido dar desconto, e que trabalhou com a idéia de preço de produção.

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