O melancólico fim da trilogia Matrix

São Paulo – Passado o impacto inicial de Matrix (1999) e a frustrante surpresa de Matrix Reloaded, a trilogia chega ao fim de forma melancólica com Matrix Revolutions, que estréia hoje, simultaneamente, no mundo inteiro. Segundo a distribuidora, 20 mil salas de cinema distribuídas por 65 países começarão a exibir o filme quase ao mesmo tempo. No Brasil, 420 cópias começarão a ser projetadas a partir do meio-dia. Só em Curitiba, há cópias em seis cinemas.

O segmento que deveria amarrar toda a série deixa em aberto muitas questões. A forte carga filosófica e religiosa impressa à trajetória do predestinado Neo (Keanu Reeves) cai no vazio. A grande sacada dos irmãos Wachovski revela-se, assim, nada mais do que um grande truque, planejado exclusivamente para atrair platéias massivas.

Um truque que, apesar de tudo, deu certo. Produzido por US$ 63 milhões, o primeiro Matrix rendeu US$ 375 milhões no mundo inteiro. Matrix Reloaded superou a marca do filme de estréia, arrecadando US$ 735 milhões em todo o globo. Nenhum desses números, no entanto, conseguiu disfarçar a sensação de desconforto e frustração dos fãs com o que foi feito com a promissora mistura de ficção científica, artes marciais, filosofia e religião que se anunciou com Matrix.

Em Matrix Revolutions, depois de salvar Trinity e colocar em risco a humanidade, Neo é mandado para uma espécie de limbo. Enquanto isso, as máquinas atacam Zion e os renegados tentam se proteger da melhor maneira. No chamado “mundo virtual” o agente Smith (Hugo Weaving), uma espécie de vírus criado para frear qualquer possibilidade de revolta humana, certifica-se de que Neo não obtenha ajuda de mais ninguém.

Ponto alto

Eventualmente, claro, Neo consegue se libertar e volta a Zion, de onde segue para a fonte e obtém ajuda das máquinas para voltar ao mundo virtual de Matrix. O ponto alto do filme é justamente o combate entre Neo e Smith, sob uma chuva torrencial e incessante. Foram necessárias seis semanas de filmagens para realizar a seqüência, além de toneladas de água sendo despejadas sobre a cabeça dos atores 12 horas ao dia.

Sem o benefício da novidade, Matrix Revolutions fica à mercê de características com as quais não conta: profundidade e consistência. Apoiado em efeitos que tornaram-se comuns e corriqueiros ao longo de três anos, teria a seu favor somente a história que conta. E dela não se pode extrair muito além do que se viu no primeiro filme.

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