O marcante ano de 1968

Uma revisita à conturbada e efervescente década de 60. É o que o jornalista e escritor paranaense Luiz Manfredini está promovendo com duas de suas obras, As moças de Minas e Memória de neblina. A primeira é um relançamento do livro publicado originalmente em 1989: a nova edição foi revisada e atualizada para comemorar os 40 anos das jornadas de 1968. Será lançada nesta quinta-feira, no espaço cultural do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE). Já o segundo romance, inédito, deve ser lançado em novembro.

?As Moças de Minas tem um viés mais jornalístico?, explica Manfredini, que visitou, na última quarta-feira, a redação de O Estado. Para o autor, o relançamento é também uma forma de preencher um vácuo que ficou entre as gerações mais novas e a que viveu o marcante ano de 1968. O livro narra a história -real – de cinco estudantes presas em Belo Horizonte, em 1969, por suas atividades de oposição ao regime militar.

A ação das jovens, segundo Manfredini, era diferente da adotada pela maioria das organizações de esquerda que atuavam no Brasil naquela época. ?Elas não pregavam um confronto direto, armado, contra o regime?, diz. Para ele, é aí que está o grande diferencial do livro: ?quase tudo que está documentado sobre a época é relato de conflitos armados?. Quem assina a orelha de As moças de Minas é o também jornalista e escritor Emiliano José, autor de uma famosa obra sobre o tema: Lamarca, o capitão da guerrilha.

Ficção

O livro Memória de neblina irá remeter à mesma época. Porém, de acordo com o autor, é uma obra ficcional. Manfredini adianta um pouco da narrativa: ?é sobre uma geração que tinha de 13 a 15 anos de idade em 1964. São três amigos que se reúnem depois de anos para rememorar o passado que viveram. Eram pré-adolescentes, que tinham seus sonhos, mas também pesadelos?.

Mas o tom ficcional do livro não será imperativo. ?Nunca é uma invenção completa. Também tem fatos autobiográficos, ou aproveitados de coisas que vi ou ouvi?, revela o autor. O ambiente aonde a estória se passa, por exemplo, e muitos fatos e locais pelos quais os personagens transitam, realmente existiram.

De certa forma, ambos os livros, segundo Manfredini, acabam se completando. Ele não esconde o fascínio que tem por aquele período da história. ?[Na época] era diferente a amplitude dos sonhos. As pessoas queriam ter um sentido na vida, participar da luta contra a ditadura, mudar o Brasil?, descreve, ao comparar os anos 60 com os dias de hoje.

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