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O clube do bilhão

Parece que foi ontem, mas Ed Sheeran já está de volta: nesta semana, ele faz três shows no Brasil – quarta-feira, 13, e quinta, 14, em São Paulo, no Allianz Parque, e domingo, 17, em Porto Alegre, na Arena do Grêmio.

Ainda há ingressos de pista premium para o show do dia 13 (R$ 650), e também na capital gaúcha (R$ 480). Os shows são da turnê “Divide”, do disco superlativo que o artista inglês lançou em 2017.

“Divide” foi a turnê mais lucrativa de 2018, segundo o Pollstar. Foram US$ 432,4 milhões e mais de 4,8 milhões de ingressos vendidos no mundo todo – o artista persegue agora o recorde de turnê mais lucrativa de todos os tempos, que atualmente pertence ao U2. Sheeran ainda leva seu show de um homem só para a África, Ásia e Europa até agosto.

Os números de “÷”, o álbum, não são mais modestos: são mais de 1,5 bilhão de streamings e logo na sua semana de estreia, em 2017, superou todo o resto do top 200 do Spotify em duas vezes.

Todo o sucesso do mundo não é suficiente para o artista ficar imune aos haters. “Amigo, nunca senti tanto ódio na vida, mas também nunca senti tanta adoração. As pessoas ou me odeiam muito e querem que eu morra e nunca mais faça música, ou pensam que sou A Segunda Vinda”, disse em entrevista recente.

Superestrelas

Qualquer estatística a ser analisada quando o assunto é Ed Sheeran será hiperbólica. A turnê que ele traz ao Brasil (pela segunda vez) nesta semana foi a maior de 2018, e em 2017 ele teve o maior disco (÷) do ano. No YouTube, não é diferente. Com mais de 15 bilhões de visualizações no seu canal e três canções com mais de 1 bilhão de cliques, Sheeran é um dos membros ilustres do “Clube do Bilhão”.

Eles são estrelas pop convencionais (Justin Bieber e Taylor Swift), superstars do hip hop (Drake) e mais recentemente os disseminadores em massa do latin trap (ritmo que flui entre reggaeton, trap americano, R&B e hip hop – de nomes como Maluma, Bad Bunny e Ozuna).

O portorriquenho Ozuna, de 26 anos, se tornou nesta semana o artista com mais vídeos com 1 bilhão de visualizações no YouTube, com sete, ultrapassando Justin Bieber – o vídeo responsável pelo feito foi Taki Taki, do DJ Snake, com participações também de Cardi B e Selena Gomez. Foram 10 bilhões de visualizações no canal de Ozuna só nos últimos 12 meses, segundo dados do Youtube.

O Brasil tem dois representantes no Clube do Bilhão: MC Fioti e a flauta envolvente de Bum Bum Tam Tam, e Nego do Borel (a versão de Você Partiu Meu Coração em espanhol, de Maluma, da qual ele participa).

Os dois artistas têm em comum o envolvimento com um nome incontornável da música brasileira, e do YouTube, nos últimos anos: Kondzilla.

Criado em 2012, o maior canal do País tem hoje 22,9 bilhões de visualizações totais e 46 milhões de inscritos.

Se a receita do sucesso existe, a produtora deve estar perto de descobri-la por completo. “Acreditamos que parte de nossa fórmula é entender o nosso público e produzir conteúdos que eles queiram ver com autenticidade”, explica o diretor de operações da Kondzilla, Pedro Camargo. “Parte essencial do sucesso são os artistas, são eles os astros dos videoclipes. Nosso papel é valorizar o máximo possível o seu trabalho.”

Um raciocínio parecido é oferecido por João Alves, diretor de marketing digital da Workshow, empresa de Goiânia que gerencia a carreira de diversos artistas do sertanejo – em 2018, 3 músicas do gênero ficaram entre as 10 mais tocadas do YouTube no Brasil. No topo da lista, Largado às Traças, de Zé Neto e Cristiano: a dupla também lidera a lista de artistas mais ouvidos na plataforma no País no último ano (são 4,6 bilhões de visualizações).

“A princípio, tudo tem a ver com a escolha da música”, explica Alves. “O artista ou produtor pode ter rios de dinheiro, mas se não souber escolher a música e fazê-la chegar às pessoas, não resolve nada.” O trabalho de continuidade nesse sentido, diz, também é fundamental para não cair na armadilha de um “boom” momentâneo que depois arrefece rapidamente – o one hit wonder que sempre existiu, agora em formato digital.

Camargo, da Kondzilla, reconhece que atingir a marca de 1 bilhão em um vídeo é motivo de celebração, porém não há muito apego, já que com o crescimento das plataformas e o aumento do número de smartphones, os recordes são efêmeros.

“Mas o número nos fez entender o tamanho da responsabilidade que temos com os conteúdos que publicamos. Justamente por isso, temos um compliance na empresa, adotado há cerca de três anos, em relação aos conteúdos que produzimos: não permitimos palavras de baixo calão ou conteúdo explícito, nem apologia a drogas e violência, e tampouco a objetificação do corpo feminino. Acreditamos que em razão disso, hoje a maior parte da nossa audiência é do público feminino: 54%”, diz.

O YouTube até oferece alguns benefícios para canais com mais de 100 mil inscritos, como de espaços de gravação e acesso a gerentes, mas Alves explica que a maior vantagem da plataforma é a liberdade que as produtoras têm na hora de gerar e divulgar o conteúdo, ou seja, subir os próprios vídeos (nas outras plataformas de streaming o processo envolve intermediários, como as distribuidoras).

No fim, é claro que o marketing importa (na Kondzilla, são 200 pessoas trabalhando direta ou indiretamente): não deixa de ser bom constatar, entretanto, que o elemento artístico sempre é o protagonista do processo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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