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Novo ‘Saltimbancos’ não é ‘remake’ do antigo, mas reinvenção

Pouco antes de conversar com o repórter, em sua casa, no Rio, Renato Aragão assistiu a um filme pela TV. Ele adora a Netflix. “Para quem curte cinema como eu, é o paraíso.” O filme era Grace de Mônaco, com Nicole Kidman. “Acompanhei toda a história real. A Grace dos filmes que conheceu o príncipe Rainier, virou princesa, um papel difícil.” Didi, vamos chamá-lo assim, gostou do filme de Olivier Dahan – detestado pelos críticos – porque o encheu com suas vivências. Talvez, para fazer isso com Os Saltimbancos Trapalhões – Rumo a Hollywood, o espectador também precise olhar o filme com afeto por quem já nos fez tão felizes – os Trapalhões.

Há uma cena, no final de O Retorno de Jedi – o fecho da construção do herói na saga Star Wars -, em que Luke Skywalker vê reunidos, no lado bom da Força, Obi-Wan Kenobi, Annakin, que virou Darth Vader e foi resgatado pelo filho, Yoda. Todos sorriem, e o espectador sente-se gratificado pela licença estética, ou poética. No novo Saltimbancos Trapalhões – que não é um remake do filme homônimo de 1981 -, há algo parecido. Didi olha e vê os quatro Trapalhões reunidos. Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Sobraram apenas dois, mas o grupo permanece, imortalizado pelo cinema.

A cena é de A Filha do Trapalhão, vale acrescentar. Não foi escolhida por Renato Aragão – talvez por Dedé Santana, ou pelo diretor João Daniel Tikhomiroff. Mas é bela, emocionante. Didi tira sarro de Dedé – do botox, do implante de cabelo. O filme dá a Mauro Lima o crédito pelo roteiro, mas uma cena dessa não é escrita. Nasce da camaradagem entre os atores, é pura improvisação. Nada improvisadas, as cenas de canto e dança são elaboradas. Didi só tem elogios para a dupla Botelho e Charles Möeller. “Cláudio (Botelho) é um querido, e um fã.”

As canções de Chico Buarque já estavam no velho Saltimbancos Trapalhões, de J.B. Tanko, de 1981, baseado no musical de Sergio Bardotti e Luis Enríquez Bacalov, transposto para o Brasil por Chico. Piruetas, Alô, Liberdade, Hollywood, Rebichada, etc. Os funcionários humildes viram atração do circo representando os bichos. Unem-se contra o mágico Satã e o ganancioso Barão. Há 35 anos, o mundo era outro, mas a essência do novo Saltimbancos continua a ser dar voz aos animais – aos humildes, aos excluídos. Didi e Dedé de alguma forma fazem a escada para o canto e a dança dos jovens. Uma passagem feita com generosidade, mas os ‘velhos’ não desistiram. Didi ainda sonha e nos convida a sonhar com ele.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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