Novo filme de Matheus Souza retrata a geração internet

Matheus Souza ainda estava na faculdade de cinema. Fez um filme que teve uma madrinha poderosa, a produtora Mariza Leão. Matheus mal tinha deixado as fraldas – como se diz brincando – e já estava nas salas com “Apenas o Fim”, de certa forma repetindo o fenômeno Bruno Barreto, que também começou ‘muito’ jovem (com “A Estrela Sobe”, nos anos 1970). A coisa poderia ter terminado aí, como um conto de fadas, mas Matheus ganhou novos padrinhos. Domingos Oliveira fez saber a todo mundo que Matheus era ele, mais jovem. E surgiu Daniel Filho, ator em “Eu não Faço a Menor Ideia do Que eu Tô Fazendo com a Minha Vida” e diretor de “Confissões de Adolescente”, em que Matheus é roteirista.

O garoto prodígio – está com 24 anos – toma de assalto mais de 400 salas nesta virada de ano com um filme e um terço. Talvez fosse mais certo dizer – um filme e meio, mas é que “Confissões” foi dirigido a quatro mãos por Daniel Filho e Cris D’Amato. Somem-se a essas (mais de) 400 salas, em janeiro, as 10 de “Eu Não Faço a Menor Ideia”, que estreou na sexta passada. Como um filme pode ter um título assim quilométrico? Mais interessante que essa pergunta talvez seja – por que o filme tem esse título? Queridinho dos grandes, Matheus Souza começou a fazer muita coisa. Fez a nova versão de “Confissões de Uma Adolescente”, de Maria Mariana, para o teatro, instalou-se na internet.

Um belo dia, sonso de tanta atividade, levantou-se e, ao se olhar no espelho, pensou consigo mesmo – “Eu não faço a menor ideia do que tô fazendo com minha vida.” No minuto seguinte, pensou que aquilo dava título de filme – que escreveu e realizou, há dois anos, embora somente agora ele chegue ao circuito, lançado pela distribuidora Vitrine, de Sílvia Cruz. Vamos ser objetivos – “Eu não Faço a Menor Ideia” não atraiu muita gente no fim de semana. Se você é jovem e não está na praia, o que está fazendo? O filme interpretado por Clarice Falcão, Rodrigo Pandolfo e com participações de Gregorio Duvivier, Leandro Hassum, Daniel Filho e Kiko Mascarenhas (entre outros), tem a sua cara. Você vai esperar para baixá-lo na rede? Vai terminar perdendo o bonde – xiiiii, a expressão é antiga. Denuncia a idade de quem está dizendo.

Em “Eu não Faço a Menor Ideia”, Matheus Souza está colocando na tela a geração internet. Twitter, Facebook, como os jovens se comunicam hoje em dia? O que estão fazendo de suas vidas? O filme é isso, sobre isso? Clarice Falcão virou um fenômeno na internet. Lançou um filme no YouTube, colaborou com a mãe – Adriana Falcão – no seriado “Louco por Elas”, da Globo, estourou no Porta dos Fundos, lançou até disco virtual. Clarice faz uma garota com cara de sonsa no filme. Não sabe o que quer da vida, mas sabe muita coisa que não quer. Ao contrário da personagem, Clarice é esperta. E centrada. Fala com carinho do pai (João Falcão), da mãe. “Família é tudo.” Nesse conceito de família ela engloba Matheus Souza. “A gente fez faculdade juntos. Somos como irmãos.”

Num encontro no Rio, Matheus Souza disse que tenta não apenas reproduzir o diálogo do jovem, mas também o que pensa e como age. O ser e o estar do jovem. Seu ídolo é um cara que já passou dos 70 anos, na verdade tem quase 80. “Woody Allen é como um tio para mim. Encaro seus filmes como presentes. Às vezes, o presente do tio não é tão bom, em outras é mais maneiro. E tem vezes em que é um presentão, como agora com Blue Jasmine.” E a Cate Blanchett? Matheus faz cara e o gesto de quem não tem palavras. Outro que curte demais é Judd Apatow. “Ele quebrou o paradigma de beleza de Hollywood. Sabe aquela coisa, só gente bonita? Judd Apatow nos resgatou, os outros. Gente como a gente. Glamour não é tudo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

EU NÃO FAÇO A MENOR IDEIA DO QUE EU TÔ FAZENDO COM A MINHA VIDA

Diretor: Matheus Souza

Gênero: Comédia, Brasil/2013

Voltar ao topo