O aparato tecnológico é uma das grandes atrações de A Noviça Rebelde, musical cuja produção gira em torno de R$ 10 milhões, com recursos incentivados. Mas seu grande trunfo está no elenco. A começar por Malu Rodrigues, estrela cada vez mais brilhante do musical brasileiro. Ela vive Maria, a religiosa que muda a própria vida ao ingressar na família do capitão viúvo e seus sete filhos. “Malu amadureceu e, se continua com a mesma voz potente e bela, ganhou recursos dramatúrgicos”, comenta o diretor Charles Möeller, que dirigiu a atriz em sua estreia, há dez anos, também em A Noviça Rebelde – na época, Malu interpretou uma das filhas, Louisa.

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“O desafio agora, claro, é bem maior”, conta Malu, sobre seu 13º trabalho sob o comando de Möeller e Claudio Botelho. “Maria tem uma impostação de voz muito refinada – para o canto, seria uma atleta de elite da voz. E, como interpreto muitas músicas (ao todo, oito), a exigência é grande.” Aos 24 anos, ela tem a idade aproximada da personagem e um temperamento semelhante. “Maria é moleca como eu, não fica parada e sempre faz barulho quando anda”, diverte-se.

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Novos desafios também são enfrentados por Larissa Manoela, a intérprete da filha mais velha da família Trapp, Liesl. Assim como Malu, Larissa também participou da primeira montagem de A Noviça Rebelde – então com 8 anos, viveu a caçulinha Gretl. “Não tinha nenhuma experiência no teatro, pois só tinha feito propaganda e TV”, conta ela, hoje renomada estrela de telenovelas como Carrossel (foi a famosa Maria Eduarda) e filmes (Fala Sério, Mãe!). “Tudo era uma surpresa.”

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Com mais vivência, Larissa exibe seu talento agora em números arrojados, como na deliciosa canção Sixteen Going on Seventeen, quando Liesl se encontra escondido com o namorado Rolf (Diego Montez). A letra serve para a menina comprovar sua maioridade, uma vez que está com quase 17 anos. Em um determinado momento, o rapaz afirma que ela ainda é inexperiente e necessita ser conduzida. Mas Liesl prova o contrário, assumindo-se adulta e renegando o namorado, quando ele se deixa seduzir pelo nazismo. “É uma atitude definitiva para sua maioridade”, conta Larissa que, como todo o elenco, acompanha a preparação de Gabriel Braga Nunes em sua estreia em musical.

Aos 45 anos, o ator trabalha meticulosamente em sua criação do Capitão Georg Von Trapp. “É um personagem muito rico, pois muda radicalmente de atitude: de disciplinador dos filhos ao homem que se rende à música e ao amor, mas sem se contaminar pelo nazismo”, conta Gabriel, que tem apenas uma experiência em musical, no longínquo ano de 1990, quando participou de Calígula, de Djalma Limongi Batista. “Mas hoje a realidade é bem diferente e os atores estão muito mais bem preparados, enquanto me sinto um iniciante.”

Aplicado, Gabriel pede para passar repetidamente as cenas com os colegas e sabe que terá um grande número, com a canção Edelweis. “É quase o hino austríaco”, explica Charles Möeller. “Edelweis é uma flor que nasce na neve, quando nenhuma outra consegue florir. Tornou-se um exemplo de resistência, especialmente durante a guerra.”

“Na verdade, trata-se de um musical muito forte”, observa Marcelo Serrado, intérprete de Tio Max. “A trama começa leve até mudar a tonalidade e ficar pesada, com a guerra. E as canções são muito fortes, muitas estão fixadas em nossa memória.” Seu papel é aparentemente pequeno, mas importante – ao lado da Baronesa Von Schrader (Alessandra Verney), Max forma um contraponto entre o conformismo e a resistência, convenções sociais e o amor. Um detalhe que torna o musical ainda mais soberbo.

A NOVIÇA REBELDE

Teatro Renault. Av. Brig. Luis Antonio, 411. Tel.: 4003-5588. 4ª à 6ª, 21h. Sáb., 16h e 21h. Dom., 15h e 20h. R$ 75 / R$ 310. Até 27/5

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.