Notícias do Sol Nascente

Embora o Paraná seja o segundo Estado em número de descendentes de japoneses, atrás apenas de São Paulo, quase nada se sabia sobre os passos desses imigrantes por aqui – com exceção de algumas poucas informações sobre a presença japonesa na região Norte, a partir da década de 30. Esta lacuna acaba de ser preenchida.

Intrigado com essa falta de registros, há cerca de dez anos o artista plástico e quadrinista Claudio Seto iniciou pesquisas por conta própria em jornais do início do século, em órgãos como o Arquivo Público, Biblioteca Pública, Junta Comercial, Cartórios de Registro, Instituto Paranaense e até nos arquivos do DOPS, enriquecidas por relatos orais de antigos imigrantes. O resultado desse trabalho acaba de ser publicado pela Imprensa Oficial do Paraná: Ayumi – Caminhos Percorridos, de Seto e Maria Helena Uyeda.

É a mais completa publicação sobre a história da colonização japonesa no Paraná. Com 353 páginas (R$ 30), o livro abrange de 1892 e 1950. O lançamento será no próximo dia 18. “Diferente do que aconteceu em São Paulo, onde a imigração foi estimulada, no início aqui ninguém queria os japoneses”, conta Seto. “Os nipônicos que se instalaram no Paraná vieram de São Paulo e Minas Gerais por suas próprias pernas, atraídos pela fertilidade do solo, que poderia proporcionar uma agricultura rentável”. Mas o governo e imprensa, que no início do século passado estavam nas mãos dos plantadores de erva-mate, temiam a policultura que os japoneses começavam a implantar em São Paulo, e fizeram forte oposição à presença deles no Estado.

“Personalidades como o senador Ubaldino do Amaral e mais tarde o jornalista Romário Martins também eram contrários à vinda dos japoneses, pois tinham relações com os ervateiros”, revela o autor. Um artigo publicado no Diário da Tarde 21 dias depois da chegada do navio Kasato Maru, que trouxe a primeira leva de imigrantes ao Porto de Santos em 18 de agosto de 1908, classificava os orientais de “raça fisicamente ridícula”.

Mas nada se comparou à histórica humilhação de 1942, em decorrência da 2ª Guerra: os imigrantes instalados na região de Antonina foram “depositados” na Granja do Canguiri, em Curitiba. “Ali ficaram alojados em galpões destinados aos animais e eram tratados como tais pelos estudantes secundaristas que iam visitá-los”, afirma Maria Helena Uyeda. “Os estudantes olhavam os japoneses como bichos e chegavam até a oferecer capim, ao mesmo tempo em que imitavam mugidos, relinchos e berros de bode”. Contudo, discorre Maria Helena, “os paranaenses logo acolheram os nipônicos muito bem, arrendando terras e dando empregos. Curitiba e Antonina chegaram a ser as cidades brasileiras que mais tiveram casamentos interétnicos entre japoneses”.

Contemporâneos em livro de arte

A Jardim Contemporâneo Editora lança hoje, em São Paulo, às 20h, no Museu Brasileiro da Escultura, o luxuoso álbum Brazilianart Book II, do qual participa o paranaense Carlos Eduardo Zimmermann. As obras dos artistas selecionados ficarão em exposição no museu até dia 2 próximo.

Cada artista tem apresentação de um crítico. No caso de Zimmermann, Olívio Tavares de Araújo percebe na obra do paranaense uma palpável maturidade. E observa: “Vejo a obra de Zimmermann com um sentimento de segurança e plenitude.

Fundado no domínio técnico que é uma de suas marcas registradas, no gesto certeiro da mão adestrada pelo exercício da vontade, bem como no gosto apurado e na inteligência visual tão aguçada, Zimmermann consegue voar acima de quaisquer nuvens de tempestade”.

“Brazilianart Book traz a arte, com textos também em inglês, de artistas contemporâneos como Aguilar, Aldemir Martins, Anna Bella Geiger, Baravelli, Cazarré, Tozzi, Ianelli, Rubens Gerchman e Wakabayashi.

Trajetória da humanidade

Crítico, biógrafo e poeta, o inglês Martin Seymour-Smith, falecido aos 70 anos em 1998, deixou um legado de gosto pessoal mas que, como observa a Publishers Weekly, sintetiza a trajetória da humanidade. É a obra Os 100 Livros que Mais Influenciaram a Humanidade – A História do Pensamento dos Tempos Antigos à Atualidade (tradução de Fausto Wolf, Difel, 680 páginas).

A seleção é ampla. O grande mérito de Seymour-Smith foi ter conseguido revelar, de forma concisa, um painel não só das obras e dos autores, mas também do período histórico em que se situam. I Ching, Analectos, de Confúcio; O Velho e O Novo Testamentos; A Ilíada e A Odisséia, de Homero; A Eneida, de Virgílio; Vidas Paralelas, de Plutarco; A República, de Platão; O Corão; A Divina Comédia, de Dante; O Príncipe, de Maquiavel; Da Revolução das Órbitas Celestiais, de Copérnico; Dom Quixote, de Miguel de Cervantes; O Primeiro Fólio, de Shakespeare; Ética, de Espinosa; Cândido, de Voltaire; Gargântua e Pantagruel, de Rabelais; Crítica da Razão Pura, de Kant; Confissões, de Rosseau; Guerra e Paz, de Leon Tolstói; Relatividade, de Einstein; Assim Falou Zaratustra, de Nietzsche; e A Interpretação dos Sonhos, de Freud, são algumas dentre várias grandes obras selecionadas.

Na opinião de Seymour-Smith, a escolha de obras e autores tão ecléticos seguiu um critério eminentemente subjetivo; portanto, suscetível a críticas, e no qual o autor não menosprezou obras e autores do século XX, tais quais O Segundo Sexo (Simone de Beauvoir), Cibernética (Norbert Wiener), 1984 (George Orwell), Estruturas Sintáticas (Noam Chomsky), Investigações Filosóficas (Wittgenstein) e A Mística Feminina (Betty Friedan).

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